Perfis de Personagem: o Segundo-em-Comando

Este é o sétimo de uma série de artigos dedicados a cada um dos perfis de personagem do futuro novo livro de Brigada Ligeira Estelar RPG (leia sobre eles NESTE LINK) e o terceiro dedicado ao Contraponto — alguém para contrabalançar possíveis faltas e deficiências do Ponto (de quem falamos nos primeiros quatro artigos). E desta vez, falaremos do Segundo em Comando. É um perfil até esperado e conceitualmente bem… óbvio, se pararmos para pensar bem.

Explicando melhor: de modo geral, a ficção científica incorpora e muito o aspecto militar. Da Federação de Jornada nas Estrelas à Aliança Rebelde de Guerra nas Estrelas, a militaria está lá. Pensando bem, mesmo nas séries de super-robô essa estrutura já estava presente — o real robot apenas escancarou-a de forma honesta. Acompanhamos bravos capitães, pilotos audazes, contramestres sábios e experientes… enfim, isso faz parte do gênero. Sempre fez.

O segundo-em-comando para nossos fins é mais uma atitude e menos um cargo, mas se aplica bem em uma hierarquia militar. É o braço direito do Ponto. A amizade entre os dois é desejável, e até natural, mas não necessariamente algo obrigatório: um segundo-em-comando pode sê-lo apenas por uma questão de disciplina e hierarquia, sem laços pessoais. No entanto, ele é sem dúvidas leal — e, embora possa ter discordâncias com o Ponto, o seguirá até o fim.

Sigfried Kircheis, de Lenda dos Heróis Galácticos (à esquerda):
muito além de um mero segundo-em-comando formal.

Muitos dos raciocínios aplicados à Outra Mão podem ser encaixados aqui: Pontos valentes demais podem se beneficiar de segundo-em-comandos ponderados e vice-versa. No entanto, não é incomum o segundo-em-comando — por ter um contato cotidiano maior com os demais tripulantes — funcionar na prática como um bom conselheiro e até alertá-lo quando uma linha está prestes a ser cruzada. No entanto, as decisões ainda pertencem ao Ponto e ele as respeitará.

Além disso, os segundos-em-comando podem ter um papel importante na história, abrindo caminho para o Ponto e desempenhando funções estratégicas e táticas. No entanto, é importante definir com clareza o papel do segundo-em-comando desde o início da campanha. Isso evita conflitos e mal-entendidos entre os jogadores (poucos jogam para seguir aos outros afinal, por isso pensem bem ao escolher esse perfil)… e ajuda a preservar alguma coesão narrativa.

Convenhamos, a Kei Yuki funciona mais como segunda-em-
comando do que o próprio imediato da Arcádia, o Yattaran!

Isso não faz dele um tipo subserviente, nem de longe. Seu traço principal é a lealdade mas com discernimento crítico e voz ativa. Há respeito, mas ele deve ser mútuo, e o Ponto deveria tratar com consideração as decisões e conselhos do segundo-em-comando. Querem um personagem bem claro nesta função, em um mangá/anime famoso? Zoro, de One Piece. Mas há várias formas de se exercer esse perfil e vamos dar uma olhada em alguns dentro de nosso gênero.

Kei Yuki (Capitão Harlock): principal tripulante feminina na nave Arcádia. Embora tecnicamente o imediato da nave seja Yattaran, é ela quem cumpre esssa função narrativa, sendo leal ao ponto Harlock em qualquer circunstância.

Makoto Yamamoto (The Irresponsible Captain Tylor): sua lealdade para o ponto (Tylor) é mais por conta dele ser um militar estritamente profissional e caxias até o pescoço, mas é indiscutível. Ele é a voz do bom-senso por ali.

A Natarle Badgiruel de Gundam Seed pode não ser lá muito
simpática, mas ela cobre os pontos fracos de sua capitã.

Natarle Badgiruel (Mobile Suit Gundam Seed): eventualmente o status dela mudou na série mas, até lá, ela foi uma excelente segundo-em-comando para a capitã Murrue Ramius, compensando a falta inicial de pulso da sua superiora.

Sigfried Kircheis (Legend of the Galactic Heroes): bom e ético (e não menos perigoso por isso) mas nada burro, Sigfried é o confidente e a reserva moral do ponto Reinhard von Lohengramm — mas também o seu conselheiro militar.

Toshikazu Asagi (Ginga Kikoutai Majestic Prince): ninguém leva muito a sério o idealismo do ponto Izuru Hitachi, mas Asagi está sempre ao seu lado na vanguarda do combate… e comanda a equipe quando o seu parceiro não está lá.

Esse último detalhe é algo particularmente digno de nota: uma das funções de um Segundo-em-Comando é exercer o papel temporário do Ponto na sua ausência — especialmente quando houver algum tipo formal de hierarquia envolvida!

Toshikazu Asagi de Majestic Prince: o segundo-em-comando
do Time Rabbit, assumindo a liderança em certo ponto.

Isso pode ser útil em campanhas com muitos perigos e desafios, onde personagens podem ser incapacitados ou até mesmo mortos. Outra vantagem apresentada pelo segundo-em-comando é a presença de habilidades e especializações complementares às do Ponto. Mesmo não sendo uma liderança, ele pode ter uma especialidade única e importante para a missão, sendo útil para resolver problemas complexos ou até para ajudar a equipe a lidar com situações difíceis.

A presença do segundo-em-comando pode adicionar uma nova dinâmica ao grupo de jogadores, questionando as decisões do ponto e propondo alternativas, levando a discussões interessantes e tensões dramáticas — mas também ajudando-o a tomar decisões e a implementar planos, tendo sua própria voz e opinião sobre as coisas. Ao intermediar o ponto e os demais protagonistas, eles também colaboram na união do time. Pense nisso.

Até a próxima — e divirtam-se!

NO TOPO: Yamamoto (o de cinza) em The Irresponsible Captain Tylor. Ele só queria ser um bom oficial, mas calhou de ser o segundo-em-comando para esse maluco aí.

DISCLAIMER: Legend of the Galactic Heroes: Die Neue These pertence a Yoshiki Tanaka, Shochiku Company Ltd. e Production I.G., Inc.; The Irresponsible Captain Tylor pertence a Hitoshi Yoshioka e Tatsunoko Production Co., Ltd.; Ginga Kikoutai Majestic Prince pertence à SOTSU・Fields/ MJP Project; Mobile Suit Gundam Seed pertence à Bandai Namco Filmworks, Inc.; Space Pirate Captain Harlock pertence a Toei Animation Co., Ltd. e Marza Animation Planet Inc., baseados nos personagens de Leiji Matsumoto. Imagens para fins jornalísticos e divulgacionais.

5 comentários

Deixe uma resposta