Os Piores Jogadores (com Mechas) estão de volta, trazendo comportamentos pavorosos na mesa de jogo e os personagens mais análogos a eles na animação japonesa! Porque exemplos ruins nunca faltam, e personagens igualmente irritantes em séries de ficção científica com ou sem robôs gigantes são igualmente presentes! Essa seção demora, mas sempre retorna. A fonte é inesgotável!
Vou ser chato e repetitivo aqui, mas é preciso sempre lembrar: o problema não é ter um personagem problemático — é ter um jogador problemático. Enquanto todos estiverem se divertindo, nada é realmente um problema. Quando a experiência de jogo começa a ser comprometida para todos, é hora do mestre agir amigavelmente — e se não houver um jeito, é hora de usar a mão de ferro!
E mais uma vez: vocês sempre podem ler nossas postagens anteriores AQUI — isso tudo é para ser consultado na hora de se quebrar o vidro de emergência!
O Min-Maxer
O jogador Min-Maxer busca otimizar o potencial do personagem ao máximo e procurar as melhores opções de habilidades, equipamentos e outras mecânicas de jogo capazes de torná-lo mais poderoso. Até aí, tudo bem. O problema é quando isso ocorre em detrimento do desenvolvimento da história ou do trabalho em equipe, podendo se recusar a participar de certas missões ou atividades que não se encaixem em sua construção ideal de personagem. Ele é um saco!
Nos animes: Graham Aker, vulgo Mr. Bushido, de Mobile Suit Gundam 00. Um dos melhores pilotos do planeta Terra sem sombra de dúvida (imaginem a ficha de RPG desse cara). Porém, sua motivação principal é derrotar o protagonista — e só isso. Por essa razão, ele chega ao ponto de recusar enfrentar oponentes que não estejam à sua altura, ou de não finalizar um oponente por ele ter parado por motivos mecânicos, e não por ter sido derrubado em combate!
Como lidar com um Graham Aker na sua Mesa? Ele é um jogador egoísta, mais preocupado com o próprio personagem do que com a dinâmica do grupo e a trama central do jogo. Isso pode causar conflitos e desequilíbrios na mesa: outros jogadores podem se sentir deixados para trás — ou menos importantes. Por outro lado, ele pode ser útil em aventuras com desafios muito difíceis ou em campanhas que exigem muita otimização. Tente conversar com ele primeiro.
A Biscate
Tudo bem um personagem usar a sedução como uma de suas armas favoritas. Porém, a Biscate se envolve romanticamente com os próprios personagens do grupo com o objetivo de chamar a atenção para si ou obter algum tipo de vantagem, causando conflitos e instabilidade emocional entre os demais protagonistas. Essa pessoa pode, inclusive, até se aproximar de um personagem jogador para, quando se cansar, partir para outro e pronto: a cizânia está formada!
Nos animes: Flay Allster, de Mobile Suit Gundam Seed. Ela até tem uma história coerente por trás disso — é uma menina mimada e manipuladora, com preconceito racial contra os Coordenadores*. Porém, por vingança, ela decide seduzir um deles — justamente o protagonista — para fazê-lo exterminar outros como ele. Isso faz muito mal à cabeça dele mas quando dúvidas surgem, é só ela usar seus dons de… sedução novamente. Na minha terra, isso aí tem nome.
Como lidar com uma Flay Allster na sua Mesa? Enquanto isso se limitar a coadjuvantes de um lado oposto, ou a ser investigado, deixe-a em paz. Se isso aplicar-se a coadjuvantes do lado dos personagens, faça-a encarar as consequências. Porém, caso ela volte suas capacidades para os protagonistas, analise a situação. Ela só está usando a aparência para uma cena inconsequente? Tudo bem. Se não, pergunte logo ao outro jogador — você concorda com isso?
O Ausente
Imaginem a situação: o mestre planeja sua trama cuidadosamente e cria papéis importantes para cada um dos protagonistas ter participação no avanço da história. Aí um deles falta. E não falta só uma vez. Talvez lhe falte tempo, esteja desmotivado ou tenha problemas pessoais. No entanto, essa incerteza afeta negativamente a experiência do grupo de jogo, prejudica o andamento da história principal e trunca o planejamento do mestre. Ele é um ausente.
Nos animes: Dorel Ronah, de Gundam F91. Ele é filho do vilão mascarado e meio-irmão da mocinha. É comandante de um esquadrão de pilotos. É rival do comandante do esquadrão de elite. Tem uma cena de decolagem impressionante logo antes de uma batalha. E, de repente… desaparece e nunca mais é visto nem mencionado, tanto no filme quanto na continuação em mangá**. Podemos considerá-lo como um jogador faltando justamente na sessão da batalha principal?
Como lidar com um Dorel na sua Mesa? Pode não ser culpa dele. O jogador deveria conversar com todos e explicar suas razões para tantas ausências, além de tentar encontrar soluções para essa situação não afetar tanto a campanha. Porém, em casos extremos, pode ser necessário para o grupo reavaliar a participação desse jogador. Ninguém quer isso, claro, mas cada falta arruina a preparação do mestre… e a experiência dos demais. Talvez não haja jeito.
O Suposto
Um personagem supostamente se destaca por ser ou ter alguma qualidade ou defeito mas, na prática, nada disso é mostrado na mesa de jogo. Ele tem alguma limitação? Ela nunca aparece. Ele é famoso por ser ótimo com uma espada? Então por que ele nunca a usa? Ele forma um casal com tal personagem? Por que os dois quase nunca se falam, então? Ele tem a desvantagem pobreza? Então como ele paga um apartamento em um bairro nobre? Enfim, vocês entenderam.
Nos animes: Meg, de Burst Angel — até que enfim, alguém vindo de algum anime que não seja Gundam no artigo de hoje! Meg nos é vendida como uma tremenda atiradora, uma personagem de ação, alguém altamente competente em combate, tem um visual realmente chamativo… mas o seu grande papel no anime é de donzela em perigo. Quase sempre ela precisa ser salva pela protagonista Jo, ao ponto dessa discrepância ser apontada em certo momento da própria série!
Como lidar com uma Meg na sua Mesa? Bom, aí a culpa precisa ser dividida tanto com o jogador quanto com o mestre. Se um protagonista tem uma reputação e ela não foi criada para ser falsa, o jogador deveria antes ter feito uma ficha de personagem correspondente. Por outro lado, se alguma informação está na ficha e ela não faz diferença para o protagonista, é porque o mestre não está cobrando os efeitos definidos durante a construção de personagem.
Mas vamos por partes. Primeiro, isso pode ser um sinal de que seu jogador está mais interessado em criar um personagem “legal” do que em jogar. Ele e o mestre precisam colaborar na mesa: este deve criar situações para o protagonista brilhar em seus pontos fortes e fornecer desafios relacionados às suas limitações. O jogador, por sua vez, deve estar disposto a explorar tais aspectos na sua ficha. É como no Jogo do Bicho: “Vale o que está escrito.”
Todos os personagens deveriam ter a oportunidade de contribuir e ser relevantes para a campanha. Se um personagem não é aquilo para o qual foi criado para ser, o mestre e o jogador devem trabalhar juntos e encontrar maneiras de tornar o personagem relevante para a história. Se ajustes na ficha de personagem, no enredo ou nas situações de jogo forem necessários, faça isso. Quanto mais rápido, melhor.
Até a próxima. Divirtam-se e rolem muitos dados.
* Em Gundam Seed, os Coordenadores são seres humanos projetados geneticamente para terem melhores características, como aprendizado mais rápido, força física e sistema imunológico perfeito, além de terem uma aparência física quase perfeita. Seus filhos também podem herdar essas características.
** Gundam F91, na verdade, foi uma série de televisão abortada quando parte dos episódios já haviam sido produzidos. Para recuperar o dinheiro gasto, decidiram editar o material e produzir animação extra para caber em um filme de duas horas. Isso faz certos desenvolvimentos de personagem acontecerem muito rápido — e criarem-se buracos de trama do tamanho de uma cratera lunar. O desaparecimento de Dorel foi apenas o mais blatante deles. Quando o desenhista de Crossbone Gundam, a continuação em mangá dos eventos de F91 (na qual Dorel não foi nem mencionado), perguntou ao criador de Gundam, Yoshiyuki Tomino, sobre o que aconteceu ao personagem, este apenas respondeu: “Ah, esquece isso.”
NO TOPO: Dorel Ronah, antes de sumir da história.
DISCLAIMER: Mobile Suit Gundam 00, Mobile Suit Gundam Seed e Mobile Suit Gundam F91 pertencem à Bandai Namco Filmworks, Inc.; Burst Angel pertence à Gonzo K. K.; Imagens para fins jornalísticos e divulgacionais.







Às vezes o Suposto é um mero fruto da aberração estatística conhecida como azar terminal ahuahauhauahau. Aí só com banho de sal grosso mesmo.
Sim, o personagem mal-montado. 😀