Perfis de Personagem: o Errado

Este é o oitavo de uma série de artigos dedicados a cada um dos vinte perfis de personagem do futuro novo livro de Brigada Ligeira Estelar RPG (leia sobre eles NESTE LINK). Os quatro artigos iniciais focaram nos perfis correspondentes ao Ponto — proativo e capaz de “puxar” o grupo para a frente. Os seguintes falaram sobre os Contrapontos, necessários para equilibrar a influência do Ponto sobre os demais. O último destes, nesta lista, é… o Errado.

O Errado é essencialmente o membro… problemático do time. Há tipos e tipos: pode ser aquele personagem excessivamente reclamão, pode ser um encrenqueiro (e ele encasquetará justamente com o Ponto), pode ser aquele membro mais acovardado, sugerindo fugir dali todo o tempo e, é claro, sendo ignorado pelos demais nessa hora, pode ser alguém unido aos demais a contragosto e nunca deixando ninguém esquecer disso… enfim, há mil formas de se ser Errado.

No entanto ele não está ali sem um motivo. Talvez o reclamão não esteja tão errado. Talvez o problema do covarde seja apenas falta de confiança em si mesmo. Talvez o encrenqueiro tenha preocupações legítimas por trás de sua atitude e, ao compreender a situação, mude aos poucos sua atitude embora não vá se tornar abertamente amigável por isso… ou talvez ele seja apenas um cretino e não tenha tanto conserto assim. Em todo caso, todos podem evoluir.

Bernard Monsha (à esquerda), sem meias-palavras, é
um escroto de marca maior. Mas a graça é essa!

O Errado pode ser uma fonte de conflito interessante dentro do grupo, especialmente se o perfil geral for muito certinho. Ele pode questionar decisões superiores, causar atritos com os demais personagens… e, em alguns casos, até mesmo colocar a missão em risco. No entanto, o Errado não é necessariamente um vilão e é importante lembrar disso. Talvez ele tenha suas próprias motivações para agir assim, mesmo batendo de frente com o restante do time.

Uma forma interessante de trabalhar com o perfil Errado, a longo prazo, é fazê-lo passar por uma jornada de autodescoberta, na qual ele precise confrontar seus medos, suas inseguranças e descobrir quem ele é de verdade — e se ele quer realmente continuar fazendo isso com a própria vida. Isso pode ser feito através de situações de conflito, nas quais o personagem é forçado a tomar decisões muito difíceis e lidar com as consequências de suas ações.

Sumire Kanzaki, de Sakura Wars: bonita, mas
um nojo de pessoa. No entanto, ela evolui.

Outra forma de trabalhar com o Errado é fazê-lo se perceber como parte integrante do grupo, apesar de suas diferenças com os demais personagens. Isso pode ser feito através de momentos de união, nos quais o time precisa se unir para enfrentar um desafio maior. Mas é claro, o Errado pode apenas ser um completo idiota, e se isso for divertido (e os demais jogadores não se incomodarem), ele não precisa evoluir tanto assim. Vamos ver alguns exemplos.

Beecha Oleg (Mobile Suit Gundam ZZ): um tremendo amigo da onça. É oportunista, idiota, muda de lado como quem troca de roupa, é preguiçoso e precisa ser empurrado para trabalhar, sabota os colegas, tem inveja do protagonista…

Bernard Monsha (Gundam 0083: Stardust Memory): um senhor piloto — mas arrogante, idiota, mulherengo e bêbado. Ele encrenca muito com o protagonista Kou, até o desafia para um duelo, mas gradualmente ele se suaviza (um pouco).

Kasha Imhof de Space Runaway Ideon: ela não é
nada simpática, mas talvez não esteja errada…

Kasha Imhof (Space Runaway Ideon): é de uma série de super robô, mas é uma subversão interessante. Ela defende agressivamente atitudes mais duras e por isso ninguém gosta muito dela. Porém, sob o contexto, ela pode ter razão.

Sumire Kanzaki (Sakura Wars): muito bonita, mas insuportavelmente orgulhosa, vaidosa, arrogante e desagradável. Ela implica com a protagonista Sakura, inclusive. Contudo, ela evolui ao ponto de se tornar comandante no futuro.

Woolf Enneacle (Mobile Suit Gundam Age, 1ª fase): arrogante e orgulhoso. Embarcando na belonave Diva, quer logo tomar o robô do protagonista por se achar mais merecedor e nem disfarça. Mas amadurece MUITO na 2ª fase da série.

Reparem em um detalhe: a maioria desses exemplos tem algum tipo de subtexto cômico em suas atitudes menos nobres — e, normalmente, o Errado está em um grupo por isso mesmo. Mas isso não precisa ser uma regra escrita em pedra!

Beecha Oleg, de Gundam ZZ: o porque de ninguém ter disparado
esse desgraçado pelo lança-torpedos da nave é um mistério.

O Errado pode ser uma fonte de problemas, criando situações dramáticas e até mesmo momentos de tensão, mas pode ser utilizado como uma forma de desafiar os outros membros do grupo a lidar com suas próprias noções pré-concebidas e limitações. E se o personagem acovardado não for realmente um frouxo, mas sim alguém com traumas no passado e suas próprias questões emocionais? Ao tentar ajudar esse personagem, os outros membros talvez cresçam com ele!

No entanto, algo importante precisa ser dito: está bem um personagem ser o Errado, mas o jogador jamais deveria sê-lo. Logo na sessão zero, ao apresentar um protagonista como este, os demais deveriam acertar em conjunto até onde ele pode ir. Tudo bem estar interpretando, mas se isso for usado para justificar bullying dentro da mesa, ou trazer à tona situações desagradáveis, os demais tem todo o direito de se incomodar.

Até a próxima e divirtam-se!

NO TOPO: Sumire Kanzaki, de Sakura Wars.

DISCLAIMER: Sakura Taisen/Sakura Wars, em todas as suas versões, pertence à Sega Corporation; Mobile Suit Gundam ZZ, Mobile Suit Gundam 0083: Stardust Memory e Space Runaway Ideon pertencem à Bandai Namco Filmworks, Inc.; todos os direitos reservados a seus proprietários originais; imagens para fins jornalísticos e divulgacionais.

4 comentários

Deixar mensagem para th4tisthequ3est1on Cancelar resposta