Space Opera: Alienígenas e Criaturas Exóticas

“Idealmente a Terra deve estar em perigo, deve haver uma busca e um homem presente na hora mais decisiva. Tal homem deve confrontar alienígenas e criaturas exóticas. O espaço deve fluir pelos portos como vinho de um jarro. O sangue deve correr pelos degraus do palácio e as naves devem ser lançadas nas profundezas sombrias. Deve haver uma mulher mais bela que os céus, um vilão mais sombrio do que um Buraco Negro e tudo precisa dar certo no final.”

Voltamos aqui às palavras do escritor britânico Brian W. Aldiss sobre a space opera para nortear nossa seção — e chegamos à parte do texto que mais empolga muita gente: “alienígenas e criaturas exóticas”. O que a princípio pode parecer um contra-senso em Brigada Ligeira Estelar, já que basicamente os personagens são humanos, variações geneticamente engendradas (como os Evos do cenário), andróides ou ginóides (essencialmente humanos em aparência)…

Só os animais de companhia (rebatizados como Familiares no novo livro de Brigada) fogem à regra — são animais falantes, afinal — mas, como já dissemos em diversas ocasiões, na animação japonesa a empatia ou identificação são importantes inclusive com os oponentes: você quer chegar à altura do inimigo para poder vencê-lo, e por isso você dá o melhor de si. Por outro lado, se a coisa for novelesca, sempre há chance de encontrar uma alien bonitinha…

Sim, ela tem pele azul. E daí? É essa a ideia com os “aliens humanos”.

Mas se o inimigo for uma barata alienígena gigante? Bom, aí você só quer passar fogo no bicho mesmo. Para a cultura estadunidense, baseada em enxergar o outro como alguém a ser varrido, passa a ser compreensível ver tantos aliens cabeçudos, com olhos esbugalhados, tentáculos ou algo do tipo. Já no Japão (ou em séries ocidentais que optam pela humanização), basicamente temos humanos com traços exóticos como cor de pele diferenciada, chifres, asas…

Mas há um porém: o apelo da space opera vem justamente do diferente, do exótico, do fora da curva sendo usado para maravilhar nossa imaginação. Queremos ver feitos heróicos, criaturas além de nossa realidade, coadjuvantes marcantes, vilões surpreendentes e ameaças super-científicas aterrorizantes! Como Brigada nasceu do Real Robot, que se alinha com certas vertentes sci-fi realistas, é possível conciliar esses aspectos em Brigada Ligeira Estelar?

Na verdade, sim. Não é preciso se limitar ao robô contra robô.

É possível sim. Começaremos por um detalhe pequeno do cenário: a humanidade encontrou vida em sua jornada pelo universo mas ainda não encontrou vida inteligente. Ou seja, eles encontraram animais. Alguns mundos os têm, outros foram povoados por humanos e pelas criaturas de origem terrestre que os acompanharam em sua expansão espacial. Eventualmente elas podem sofrer mutações em novos ambientes e não serem mais os mesmos animais que eram na Terra.

Então temos a desculpa para a criação de variantes desses animais, bem mais perigosas do que suas versões originais. Da mesma forma, sempre podemos apelar para as boas e velhas experiências genéticas para algum irresponsável criar novas criaturas pelo caminho. Em um jogo como o 3DeT Victory, feito para ser digestivo, é fácil inventar algum bicharoco em um pulo e jogá-lo contra um piloto — ou robô gigante, dependendo de sua escala — sem problemas.

Procure sempre ter à mão algum registro de informações sobre a criatura da vez.

Mas, dependendo do planeta, você não precisa nem mesmo dessa desculpa. Podemos supor que ele já tinha sua fauna e talvez a humanidade tenha incluído novas criaturas nesse ambiente, tanto de forma prática (trazendo cães e cavalos consigo, por exemplo), como via engenharia genética (como o caso bem-sucedido do retorno do mamute no planeta Arkady). O que talvez possa não ser uma boa ideia — basta ver o que a introdução do coelho causou na Austrália…

Um mundo particularmente interessante nesse sentido, no cenário, é Moretz. A humanidade não pode pisar na sua superfície sem a devida proteção, por causa dos fungos, mas vários animais circulam normalmente nesse ambiente. Então não é difícil jogar subitamente uma criatura no caminho dos personagens e garantir sua cena de ação, talvez com um pouco mais de consciência do que no seu mundo de fantasia de sempre. E se essa espécie estiver em extinção?

Não vou fingir, obras como Nausicaã foram uma inspiração clara para o planeta Moretz.

Mas se a desculpa para as criaturas exóticas não falta, como lidar com os “alienígenas”? Bom, primeiro, vamos com a solução tapa-buraco: a Constelação do Sabre tem quase cem mundos… e muito mais potencial de exploração. É possível criar povos específicos em luas terraformadas, asteróides modificados, grandes colônias espaciais… e sempre há a possibilidade de isolarmos um grupo de pessoas em um local no qual eles cultivem toda uma cultura à parte.

É a solução de séries como Jornada nas Estrelas (Star Trek). Muitos dos alienígenas da série são humanos apenas com culturas diferentes das demais (leia-se, combinação de sobras de filmes de época que, reunidos de formas mais ou menos criativas, passam-se por “civilizações alienígenas”). Na prática o efeito é o mesmo. Invente sua comunidade autônoma em alguma lua de um mundo não-mencionado da Constelação — e divirta-se. Mas e se você quiser mais?

Basta um detalhe físico discreto (como a palidez), trajes exóticos… e pronto, temos “aliens”.

Uma comunidade de espers pode ter evoluído seus poderes à parte da Constelação. Um grupo à parte, isolado, compartilha mutações que evoluíram no local, como sentidos especiais ou algum traço físico. Talvez o contato com algum tipo de energia tenha lhes concedido alguma capacidade especial e a solução salvadora pode ser destruir a fonte desse poder. Isso não precisa ser excluído da temática dos robôs gigantes — basta pensar nos Newtypes de Gundam.

Mas talvez os mestres e jogadores queiram mais. Há uma linha de trama falando dos alienígenas extintos do planeta Altona, o único sinal de vida inteligente já encontrado pela humanidade… e ainda assim, tarde demais. Mas será mesmo? Esta é sua mesa, sua campanha! Para quem quiser algo mais canônico, escrevemos sobre o assunto AQUI e AQUI… mas isso precisa esperar. Então podemos pensar no clichê do invasor, mas… mais um invasor além dos Proscritos?

O que não pode faltar é briga de robô gigante!

Eu pessoalmente acho um pouco demais, mas ei, esta é sua mesa e talvez os jogadores queiram invasores com objetivos menos nebulosos e capazes de negociar. Há ganchos no cenário para isso, como a menção aos antigos Firborgs do planeta Winch. Mas assim você pode trazer inimigos diferentes, em termos de culturas, comportamentos, e fazer algo mais adequado aos interesses de todos. Não é difícil. É complicado pensar em um desertor proscrito, mas aqui…

Em todo caso, a proposta de Brigada Ligeira Estelar é trazer o clima das animações de ficção científica e space opera japonesas para sua mesa de jogo. E estas são mais possibilidades. Você não precisa ser escravo do canônico caso queira fazer o que bem entender. O sistema é flexível e rápido. É possível fazer as coisas avançarem de uma forma que agrade a todo mundo. Não é preciso se impor freios à imaginação por aqui.

Até a próxima, e divirtam-se.

A seção Space Opera está de volta, agora falando sobre os "alienígenas" e criaturas exóticas a serem enfrentados!

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Brigada Ligeira Estelar ® Alexandre Ferreira Soares. Todos os direitos reservados.

2 comentários

  1. Estou assistindo muv-luv alternative Total Eclipse agora. Vim um outro do mesmo universo. Não é a melhor obra de mech que já vi mas tem muita coisa boa. O design dos mechs eu adorei.

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