Bom, eu estou em uma quarta-feira, de manhã, e ainda não tenho nenhuma linha escrita. Como todos vocês estão cansados de saber, quando eu não tenho nenhuma ideia clara para seguir, o jeito é apelar para uma das duas: ou as Cinco Trilhas Sonoras, quando não nenhum outro assunto mesmo, ou as Resenhas, sempre breves e divertidas de se fazer. Ainda mais quando temos tanta coisa pipocando ao mesmo tempo no terreiro, este ano. Então, vamos às Resenhas!
Não é que eu não tenha nada a falar. O livro saiu, estarei na Bienal do Livro do Rio de Janeiro estes dias 14 e 15 (e talvez em alguns outros sem compromisso), estarei também no Doff (Diversão Offline) em São Paulo, e estou ainda na fase de elaboração de uma possível revista online dedicada à BRIGADA LIGEIRA ESTELAR, nos moldes da Dragão Brasil — mas focada em nosso cenário, em anime (tem muito a adaptar!), em ficção científica e em 3DeT Victory.
Essas coisas consomem tempo, neurônios, e tenho outros trabalhos. Por isso mesmo, não é de se espantar o fato de eu quebrar este vidro de emergência para garantir o texto de toda quinta. Já basta ele ter sido feito aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo nas últimas semanas, culminando com um dia onde publicamos sexta e não quinta. Não importa o quanto eu estiver produzindo, este blog sempre será importante. E dito isto, vamos ao que vende.
I’m the Evil Lord of an Intergalactic Empire! (JFK/QUAD)
SINOPSE: À beira da morte, um homem — amargurado por uma vida de pura bondade recompensada com traição pelos seus entes mais queridos — é visitado por uma entidade cósmica conhecida como Guia, podendo reencarnar em um universo à sua escolha. Ele escolhe um Império Intergaláctico com naves espaciais e robôs gigantes, nascendo como um nobre… e, movido pelo rancor, decide se tornar um vilão. Porém, o seu senso de justiça e empatia falam mais alto e…
COMENTÁRIOS: Sim, é um isekai. Eu não tinha expectativas e me diverti MUITO. Apesar do seu humor infame e da segunda metade do primeiro capítulo*, mostrando como sua vida foi destruída no nosso mundo, é uma ótima Space Opera no seu sentido mais descabelado, com tudo o que tem direito — impérios espaciais, grandes batalhas com belonaves, duelos entre robôs com discussões sobre estilo de esgrima no espaço, superciência, vilões realmente vilanescos…
VALE A PENA? Vale, mas exige uma calibragem de expectativas. Se você espera que todo exemplar do gênero seja sisudo e maduro, com personagens empatizáveis dos dois lados e com motivações contrastantes, mas compreensíveis, pode tirar o cavalo da chuva: os vilões são MAUS ao ponto de despertar ódio, o clima de capa-e-espada no espaço está todo lá (e só vai se intensificar após a primeira temporada), temos comédia, sim — e a graça é justamente essa!
COMO REFERÊNCIA: essa poderia ser, com certeza, uma campanha em nível exageradamente épico de Brigada Ligeira Estelar, com um nobre (Planejador) em seu domínio (poderia ser uma lua terraformada) e o seu grupo de cavaleiros em formação. Os (relativamente discretos) aspectos mágicos do cenário podem ser substituídos por poderes psíquicos, sem problema. Então desarme-se e assista. Vendo como uma comédia com momentos dramáticos, você vai se divertir.
Gundam U.C. Engage (da Bandai Namco Entertainment)
SINOPSE: apesar de todos os universos alternativos (AU) da franquia de ficção científica militar com robôs gigantes Mobile Suit Gundam, o seu eixo central sempre foi, e provavelmente sempre será, o Universal Century (UC). Não vou descrever exatamente este jogo através de seu plot básico, porque antes de mais nada ele é uma grande celebração do cenário, permitindo aos jogadores avançar pelos seus principais eventos — e participar de suas batalhas.
COMENTÁRIOS: “de novo? Você só resenha gacha para celular?” EU NÃO TENHO UM PLAYSTATION, CACETE! Com versão internacional desde 2023, este é um jogo tático em turnos e as missões seguem os principais arcos da U.C. com cutscenes animadas e diálogos fiéis ao original. A inclusão de cenas remasterizadas em alta qualidade e dublagens clássicas é um grande diferencial, os modelos 3D dos robôs são ótimos, a progressão é acessível para o jogador casual…
VALE A PENA? Só se você for um fã. O jogo foi claramente feito para eles e como fonte de fan-service, é perfeito, mas ele tem problemas. A interface do menu pode ser confusa, temos altas taxas para obter unidades raras (gacha, ué), Recursos como “Engage Crystals” são escassos sem se abrir a carteira, limitando o progresso de muquiranas como eu — e, após a campanha principal, o endgame se resume a… farmar missões repetitivas e eventos temporários.
COMO REFERÊNCIA: sinceramente, se você quer só isso, recomendo procurar cutscenes perdidos ao longo do Youtube. Eles realmente são bacanas e pagam o ingresso. Mas ele tem modelos e armas bacanas introduzidos no próprio jogo ou egressos do universo expandido da série em outras mídias (o Moon Gundam, do mangá homônimo, os robôs da linha MSV e até rebotalhos de jogos como Code Fairy estão lá, entre outros). Novamente, o tesouro aqui é o fan-service.
Alien, Volumes 1 e 2 (de Phillip Kennedy Johnson e Salvador Larroca)
SINOPSE: um chefe de segurança aposentado e cheio de traumas é forçado a voltar à ativa ao lado de dois fuzileiros espaciais quando um bando de ativistas anti-corporativos não muito espertos decidem invadir uma estação espacial da mega-corporação Weyland-Yutani e… bom, é Alien, vocês sabem. Quem conhece o monstro espacial assassino mais famoso do cinema já sabe muito bem o que esperar nessas horas — dentes, baba ácida, dedo no gatilho e gritaria.
COMENTÁRIOS: a Marvel assumiu a marca Alien quando a Disney comprou a Fox e levou todas as suas propriedades intelectuais no pacote. Antes, assim como Star Wars, Buffy a Caça-Vampiros e tantos outros, essas propriedades eram licenciadas em quadrinhos pela Dark Horse Comics, e ela sempre lidou muito bem com esses franchises. A Marvel também tinha um precedente ruim nas costas com o breve retorno de Conan à casa. E isso nos leva à próxima pergunta…
VALE A PENA? Vale. Com um roteiro escrito de forma segura por Phillip Kennedy Johnson e a presença, na arte, do veterano Salvador Larroca (com um traço muito, muito diferente de seus tempos nos X-Men, agora tendendo a certo fotorrealismo e com sensibilidade um pouco mais europeia e fria até o momento no qual o bicho pega). Além disso, é Alien! A fórmula é simples, não tem como errar, e mesmo assim tem quem erre feio! O cinema errou por 38 anos**!
COMO REFERÊNCIA: gente, Alien no seu melhor é o feijão com arroz dos RPGs! Até já teve dois***! Você entra em um lugar cheio de corredores para buscar alguma coisa, sobreviver aos monstros pelo caminho e sair correndo! É fácil adaptar o conceito para BRIGADA LIGEIRA ESTELAR, dentro e fora dos robôs… e se for para fora, basta criar um bicharoco assustador, enorme e capaz de representar ameaça a um robô gigante!
Até a próxima e divirtam-se, pessoal!
* Para ser justo: a série abriu com uma cena de batalha claramente posterior aos eventos da primeira temporada, e é ela quem nos vende o peixe. Não li nem a light novel original de Yomu Mishima e nem o mangá, mas se essa foi uma iniciativa da equipe de animação, foi acertada. A cara da série não é a tragédia cruel do começo, e essa batalha nos comunica justamente isso de forma imediata.
** O sensacional Aliens, de James Cameron, é de 1986. O ótimo Alien: Romulus, de Fede Álvarez, é de 2024. Entre um e outro, só saiu lasqueira…
*** Antes do Alien: o Jogo de RPG da Free League Publishing, publiciado no Brasil pela editora New Order, tivemos o Aliens Adventure Game (1991) da hoje extinta Leading Edge Games. Era um jogo muito criticado por conta de seu sistema complicado e acabou não tendo vida longa.
DISCLAIMER: Alien é propriedade intelectual da Walt DIsney Pictures; I’m the Evil Lord of an Intergalactic Empire! é propriedade de Yomu Mishima, via Quad/Kabushiki-gaisha JFK e ANN (ABC, TV Asahi), AT-X; Mobile Suit Gundam: UC Engage pertence à Bandai Namco Filmworks, Inc. Imagens para fins jornalísticos e divulgacionais.
Brigada Ligeira Estelar ® Alexandre Ferreira Soares. Todos os direitos reservados.





