Em Foco: Mirele Blum, a Donzela Interestelar

Quem acompanhava o antigo site da editora Jambô lembra dos pequenos contos introdutórios a certos artigos temáticos. Todos eles acabaram sendo incluídos no cânone do cenário. Como estamos resgatando conteúdo não-impresso nos livros posteriores, estamos republicando aqui apenas esses contos, sem o conteúdo para jogo — este foi publicado nos suplementos. Na saideira (sim, esse é o último restante), traremos as Celebridades Galácticas — outra de nossas homenagens meio óbvias a algum famoso anime do gênero*. O kit de personagem está em A Constelação do Sabre, Volume 1, página 67 (AQUI) e as estatísticas e informações extras sobre Mirele estão em Arquivos do Sabre (AQUI), coincidentemente também na página 67!

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Um frio na barriga. Mirele Blum tremia, mas precisava manter a compostura. Procurava não julgar suas concorrentes — ela não conhecia suas histórias e elas também podiam ter muito em jogo. Quanto a si, sabia que tinha e não podia se compadecer por elas. Esta era sua chance de futuro. 

Mirele era uma Evo, nascida em Moretz. Seus pais pilotavam refugos para trabalhar na superfície contaminada do planeta. Dois de seus irmãos se alistaram na Brigada Ligeira Estelar e mandavam parte de seu soldo para a família. Assim que cumprissem o serviço militar, iriam montar um negócio em outro mundo e tirar todos de lá; Moretz era um lugar cruel e oferecia poucas opções para seus habitantes. 

Ela sempre fora bonita, e por isso, agradecia ter nascido Evo: muitos por lá creem que os Evos são vetores de contaminação por fungos. Andar tossindo se revelou um modo de evitar que muita coisa ruim acontecesse com ela. Ser inocente em um mundo assim não é saudável. Mas havia bons momentos. Ela amava sua família. Gostava de cantar com as amigas. Uma de suas irmãs sugeriu que ela gravasse uma música, em um aplicativo de prancha digital, para concorrer em uma seleção que levaria ao Festival Constelar da Canção deste ano, sediado em Forte Martim. Para sua surpresa, ela fora aprovada. 

Por pouco ela não veio. A viagem da ponta para o cabo do Sabre é muito longa — novamente, quem a acudiu foram seus irmãos. Através de uma dessas liberdades que os hussardos imperiais parecem ter prazer em tomar com as regras, ela foi trazida de carona em uma Belonave Imperial, com um olho devidamente fechado do capitão quanto a isso. Mirele também conheceu entre eles um moço de Altona, novato na Brigada, com a mesma idade dela. Ela até sonhou que… Não, não, o importante agora é ter foco. 

Durante o concurso ela entendeu que ser uma celebridade não era só fama ou fortuna. Tudo tem um preço, e este era ter uma existência vigiada. Suas palavras seriam calculadas antes mesmo de serem ditas. Era difícil que a mídia não explorasse o potencial dramático de uma origem como a sua. Mas ela sabia que valeria a pena. Ela se focou. Respirou fundo. Olhou para o papel com a letra. “Sonho de Amor? Isso é tão… Brega”, e o deixou de lado. Não havia mais tempo: era sua vez. Só lhe restava cantar bem e ser simpática quando fosse entrevistada pelo apresentador, que já estava berrando: “E com vocês, nossa vigésima sétima candidata: Mirele Blum, com a música… Sonho de Amor!” 

Mirele pôs os pés no palco. Agora era com ela. 

* É fácil se lembrar da celebridade galáctica original — Lynn Minmay, de Superdimensional Fortress Macross e também de Robotech — mas esse se tornou um dos tropos recorrentes do gênero: basta lembrar de Eve Tokimatsuri de Megazone 23, Meer Campbell de Gundam Seed Destiny ou, um pouco mais recentemente, Saki Rukino de Kakumeiki Valvrave, que nos mostra um lado não tão luminoso do tema.

Arte do topo: Eudetenis.

2 comentários

Deixe uma resposta

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s