Além da Zona Habitável

Poucas pessoas se dão conta do quanto um sistema solar é algo gigantesco. Imaginem então, como um todo, os dezessete sistemas solares da Constelação do Sabre! Eles sempre foram deixados deliberadamente vagos por um motivo: permitir aos mestres e jogadores se espalharem e povoarem o império ao seu bel-prazer. Não é preciso criar planetas aos montes ou novos sistemas solares para isso — basta ter em mente o conceito da zona habitável de um sistema.

Só repetindo algo escrito por mim mesmo em outra ocasião: Zona Habitável é o território do sistema solar no qual a água pode existir em estado líquido e, portanto, há teoricamente a chance de vida. A água evapora nos mundos próximos demais ao sol e, nos mais distantes, ela congela. Lembrem-se do “teoricamente”: Vênus e Marte estão na Zona Habitável de nosso sistema, mas nem por isso eles são capazes de abrigar vida. Dito isso, podemos prosseguir.

É complicado pensarmos na exploração dos mundos mais próximos a um Sol, mas graças às maravilhas da ficção científica, nós podemos fazer algumas extrapolações criativas nesse sentido. Em filmes como A Batalha de Riddick e alguns RPGs como o ótimo Jovian Chronicles, são mencionados mundos próximos demais às suas estrelas e dependentes de algum tipo de infra-estrutura tecnológica para a sobrevivência em suas zonas mais equilibradas de temperatura*.

Porém, nós vamos pensar aqui no outro caso — o dos mundos mais distantes de suas estrelas ao sairmos de suas zonas habitáveis. Mais especificamente, aqueles mais próximos à saída dos seus sistemas solares. Novamente, vamos depender de infra-estrutura para a sobrevivência artificial nessas zonas aonde toda água está fadada a se tornar gelo. Mas por quais cargas d’água alguém amarraria seu burro em um nada absoluto como este? Dinheiro é a resposta.

Pense no raciocínio por trás das cidades de garimpo. São lugares horríveis, perigosos, aonde a vida de um ser humano é mais barata do que uma bala de revólver. Por que aquelas pessoas estão lá? Porque esperam ficar ricos, ou pelo menos sair de lá melhores do que estavam quando chegaram. O raciocínio é o mesmo, muda apenas o cenário. É claro, nós podemos ter uma perspectiva melhor sobre colonização — e até já escrevemos sobre isso em outro artigo.

Outro motivo para se plantar muito além da zona habitável é o de defesa estratégica. É o equivalente espacial à fortaleza no meio do deserto e também uma excelente ideia para campanhas do tipo Forte Apache. Por outro lado, isso também significa explorar o ambiente ao redor e descobrir sempre alguma nova surpresa. E pensando nisso, estamos oferecendo uma série de tabelas aleatórias para suas aventuras nos pontos mais distantes de um sistema solar.

Tabela de Objetos Celestes (role d6)

1. Tipo de Objeto

• 1: Planetoide
• 2: Asteroide Metálico
• 3: Cometa Adormecido
• 4: Anã Marrom
• 5: Nuvem de Gás e Poeira
• 6: Objeto Misterioso (role novamente em outra tabela para mais detalhes)

2. Tamanho/Composição

• 1-2: Pequeno e Rochoso
• 3-4: Médio e Gelado
• 5-6: Grande e Metálico

3. Atmosfera

• 1-2: Sem Atmosfera
• 3-4: Atmosfera Tênue
• 5-6: Atmosfera Espessa

4. Explorabilidade

• 1-2: Baixa, poucos recursos
• 3-4: Média, recursos limitados
• 5-6: Alta, rica em recursos valiosos

5. Potencial de Colonização

• 1-2: Inóspito, sem condições para colonização
• 3-4: Marginal, possível colonização com tecnologia avançada
• 5-6: Promissor, condições favoráveis para colonização

6. Interesse Científico

• 1-2: Baixo, poucos estudos necessários
• 3-4: Médio, pode oferecer insights científicos
• 5-6: Alto, potencial para descobertas revolucionárias

Tabela de Detalhes do Objeto Misterioso (d6)

1. Origem

• 1: Artefato Alienígena
• 2: Restos de uma Civilização Antiga
• 3: Fenômeno Natural Inexplicável
• 4: Portal Dimensional
• 5: Tecnologia Avançada Desconhecida
• 6: Entidade ou Ser Cósmico

2. Natureza do Mistério

• 1: Energia Desconhecida
• 2: Informações Criptografadas
• 3: Propriedades Quânticas Anômalas
• 4: Efeito Temporal
• 5: Interferência Psíquica
• 6: Mutação Genética

3. Riscos Associados

• 1: Radiação Perigosa
• 2: Campo Gravitacional Instável
• 3: Criaturas Hostis
• 4: Efeitos Psicodélicos
• 5: Tecnologia Descontrolada
• 6: Deslocamento Espacial Aleatório

Viram? Não é complicado. Talvez o mestre de jogo sinta que os limites do cenário possam ser forçados (“Entidade ou Ser Cósmico”?) — e nesse caso, cabe a ele encontrar uma solução mais adequada à história sendo contada. Outro fator é uma possível combinação absurda nos dados. Nesse caso, o mestre pode encontrar uma conciliação lógica (uma anã marrom, por definição, não é colonizável, mas ela pode ter um ou dois mundos a se explorar na sua órbita).

E um mestre criativo pode encaixar esses conceitos nos temas tradicionais do cenário sem problema. Pense em um nobre com interesses específicos em uma descoberta, talvez interessado em criar seu próprio baronato no meio do nada apenas para fazer fortuna e gastá-la no mundo habitável mais próximo (enquanto os colonos trabalham duro por lá). Pense na origem de eventuais criaturas (experiências genéticas?), por exemplo.

Até a próxima — e divirtam-se.

* Em ambos, temos um mundo próximo demais de uma estrela, com uma face voltada à ela e outra voltada para o outro lado, trazendo uma zona intermediária entre o frio e o calor extremos. Em Jovian Chronicles, é o planeta Mercúrio, e temos colonos fisicamente alterados por viver em um ambiente como este. Em Riddick, é um mundo aonde está a mais inexpugnável prisão do universo conhecido ou algo assim.

DISCLAIMER: The Chronicles of Riddick é propriedade de One Race Productions, Universal Pictures, Primal Foe Productions e Radar Pictures. Mobile Suit Gundam é propriedade de Bandai Namco Filmworks, Inc.. Imagens pertencentes à seus respectivos proprietários, usadas para fins jornalísticos e divulgacionais.