O surgimento do novo BRIGADA LIGEIRA ESTELAR RPG representa um desembarque e uma permanência. O desembarque é do sistema 3D&T Alpha e permanência é no 3D&T em si. Estamos abrindo, sim, um novo caminho. É um orgulho ser o primeiro OGL do sistema, desbravando os rumos para os futuros criadores — que sejam muitos! Mas, com essas mudanças, tenho feito uma retrospectiva mental dos passos tomados até agora — até para definir os rumos futuros de Brigada. É um bom momento para responder essas perguntas.
A primeira delas é: Brigada foi mesmo pensado para o 3D&T? Sim — e podem reparar, muita coisa do lore foi pensada de acordo com a mecânica do cenário. A começar pelo fato da média de altura dos robôs gigantes ter estacionado nos vinte metros (dezenove aqui, vinte e um acolá…). O motivo é simples: a decimalização das escalas. A propensão desses robôs a feitos de ação exagerada também foi fruto da minha escolha de sistema e atendeu a uma decisão conceitual: eles precisavam ser velozes e matadores.
Explicando melhor: de modo geral, todos os RPGs de mecha com os quais tive contato tendiam a flertar demais com o wargame. E fazia sentido. Pegue um animê clássico como Fang of the Sun Dougram, talvez o mais influente ao lado do Gundam e do Macross originais para os rumos do real robot, mas completamente obscuro no ocidente — talvez por não jogar para a galera em nenhum aspecto. RPGs ocidentais como Mekton Zeta e Heavy Gear representam muito bem o espírito de seus combates. Mas nos dias de hoje…
Bem, vocês entenderam. Eu precisava de um sistema de combates rápidos, diretos… e o 3D&T me deu um. Ele existe para reproduzir mecanicamente o tom exagerado de animês e mangás mainstream — e robôs gigantes são isso. Na verdade, há uma multiplicidade imensa nos mangás e animês. Não dá para pôr tudo na mesma caixa e, por isso, “animeversos” aonde coexiste todo tipo de conceito incongruente me traem um não-entendimento do material para além de seus clichês. E isso nos devolve à mecânica do sistema.
A decisão por kits desde o começo serviu à ideia de pilotos com um treinamento em comum — mas também foi uma medida de controle narrativo. 3D&T foi criado para super-heróis e os pilotos, quando muito, são heróis de ação. Isso trouxe reveses (o novo BRIGADA LIGEIRA ESTELAR RPG partiu para outra abordagem justamente para contorná-los), mas a compra de exigências consome pontos e evita a presença de personagens capazes de derrubar paredes com um soco. De novo: escrevi tudo tendo o sistema em mente.
A segunda pergunta é: por que não o D20? Francamente, ele não foi feito para isso e embora ainda hajam muitos sobreviventes da era do “um sistema para a todos dominar”, em geral seus exemplos bem-sucedidos fora da fantasia medieval são OGLs cada vez mais distantes do original como o Mutantes e Malfeitores. Vi ótimos RPGs — como o Fading Suns da hoje extinta Hollistic Designs — caírem nessa e quebrarem a cara. Também contou pontos o fato de nenhum produto ligado a mechas no D20 ter me convencido.
Não estou diminuindo um jogo em detrimento de outro, não entendam mal. O D20 tem méritos para além de seu sucesso comercial, não é popular à toa e a quinta edição, sim, é realmente boa. Tormenta RPG foi baseado nele. Seu desempenho fala por si. Só não acredito em sua virtual genericidade para qualquer cenário mas, novamente, eu apoio todos os interessados em fazer sua versão do cenário no seu sistema favorito e colocá-lo na internet — temos dois bons exemplos AQUI (para TRPG) e AQUI (para Fate).

No final, não me arrependo da minha escolha por 3D&T. Em quase sete anos, foram seis livros, uma história em quadrinhos publicada, uma em trabalho de edição e um romance em produção. Se estamos dando um próximo passo, é em nome das próprias necessidades do cenário — e do seu futuro. Novamente, convido a todos aqueles desconfiados do sistema a conferir o novo BRIGADA LIGEIRA ESTELAR RPG em breve. Um sistema próprio, nascido do 3D&T Alpha mas com sua própria identidade — por que não?
Até a próxima.
Admito que a vontade de adaptar para Starfinder existe e é grande, infelizmente o tempo não permite…
Isso de forma alguma quer dizer que eu não goste do 3D&T, estou realmente ansioso pelo novo livro de BLE!
Se você tem vontade, faça sem problemas! 🙂
Lendo sua observação a respeito de 3d&t eu pergunto: por que não GURPS?
Abraço
Eu gosto de GURPS. Foi o meu segundo RPG na vida. Mas convenhamos: ele se presta melhor a cenários mais sóbrios. E, independentemente de gostar ou não, ele não é um sistema aberto. 😉