Este é o segundo artigo deste mês do aniversário de Brigada Ligeira Estelar e, no que dependesse de mim, a essa altura não teríamos tido interrupções. Há muita coisa a revelar sobre o próprio cenário e eu gostaria de ter coberto isso tudo embora o próprio Guilherme dei Svaldi, meu editor-chefe, tenha deixado claro que, para Brigada crescer e ter um futuro, ele precisaria existir de forma independente e deixar de ser um mero suplemento do sistema.
A ideia de um novo livro nasceu há sete anos e, em um primeiro momento, optou-se por produzir um sistema próprio. Ele se ofereceu para criá-lo mas, sinceramente, se eu não pusesse a mão na massa e fizesse isso eu mesmo, eu jamais teria o aprendizado sobre game design necessário para lidar com as respostas aos leitores — sejamos honestos, na hora de perguntar sobre regras, quem teria o duro trabalho de responder seria eu. Então foi bom fazer isso.
Muito desse sistema entrou na versão 3D&T OGL do livro — e, numa ironia da vida, ele seria chamado de V, porque seus atributos começariam todos por essa letra: Virtuose, Virtude, Vigor e Valência. Ambos seriam jogados com 2D6 contra dificuldade, o conceito de manobras foi criado para este sistema (mas ele é meio como um irmão conceitual dos “poderes de kit” do 3D&T Alpha, então tudo bem) e assim, teríamos um rumo bem independente do Alpha. Porém…
Veio o Victory, vida que segue. Conceitualmente, este tem uma filosofia de jogo oposta ao BLE 3D&T OGL. Não que este fosse complicado, mas apostava em maiores granularização e detalhamento para transmitir a Constelação do Sabre em detalhes. O Victory aposta em simplificação extrema — ao meu ver, como um retorno conceitual aos seus tempos iniciais, inspirados em jogos de luta. Conceitos precisarão ser reinventados e novas regras serão necessárias.
Isso acontece porque Brigada não é sobre seres com superpoderes. Eles dependem de equipamentos para feitos mais fantásticos. Meu motivo para ter, por muito tempo, resistência em adicionar andróides no cenário a pedido de meus leitores, foi medo dos jogadores criarem superseres capazes de derrotar um robô gigante com um soco. Se isso ocorresse, a razão de ser do cenário naufragaria. Foi a mecânica do 3D&T OGL quem me deu segurança para liberá-los.
Por outro lado, se você não dá ao jogador aquilo que deseja, ele vai jogar outra coisa. Mas dá para apelar ao tanto jogador mais focado em interpretação quanto ao jogador mais porradeiro? Bom, eu acho que sim — Brigada sempre foi focada em ação e em feitos heroicos, dentro e fora dos robôs. Os personagens não soltam raios luminosos, mas saltam, tem ataques especiais, podem participar de brigas altamente mentirosas… isso jamais foi desconsiderado.
Por outro lado, eles tem acessos a robôs e naves que, estes sim, tem poderes! Nesse sentido, o sistema 3D&T Alpha se encaixou muito bem: pense em animes como Super Robot Wars: Original Generation, com seus exageros — ou mesmo uma série como Gundam AGE, com anexos capazes de trazer novas capacidades aos robôs de combate. As quimeras dos proscritos são, assumidamente, herdeiras conceituais das máquinas inimigas semanais dos super-robôs dos anos 70!
E se muitos elogiam Brigada por seu cenário aberto ou de seus elementos políticos, eu não gostaria de ver essa dualidade perdida. Ele ainda pode ser encarado com simplicidade: vocês são pilotos e vão enfrentar os proscritos, ou vão a um planeta repleto de monstros, ou combatem milícias e foras-da-lei. Dá até para pensar como um Counter-Strike com robôs gigantes vocês queiram, sem o mestre precisar se intimidar com aspectos supostamente complexos.
Eu quero aproveitar esse mês de aniversário para reiterar esses pontos, lembrar de como foi a construção do cenário, apontar esses caminhos para o futuro. Então, o que eu tenho engatilhado (parcialmente, por precisar repensar tudo para o novo sistema)? O primeiro suplemento do novo Brigada certamente será o Aventureiros do Sabre. Ele é tecnicamente o Manual do Aventureiro do cenário, com muito material já visto mas com muita coisa inédita também.
O outro será o Navegantes do Espaço. Ele sempre esteve no meu horizonte desde os tempos do Brigada Ligeira Estelar Alpha e seu foco é óbvio. A ideia é trazer os recursos para campanhas espaciais, trazer de volta o space à ópera. Ele havia sido originalmente pensado em dois volumes, e eu cheguei a escrevê-los, mas tenho uma regra comigo: o que acontece no além-fronteira não pode ser mais importante do que a constelação. Logo, precisei de um freio.
Mas garanto a diversão, porque temos… MUITO… espaço dentro da Constelação. Pensem no tamanho de coisa a explorar em nosso próprio planetinha e depois olhem para aquele “Pálido ponto azul”, como dizia o saudoso Carl Sagan. Um dia eu revelarei mais sobre o além-constelação, mas o próprio Navegantes vai dar uma base para o mestre se aventurar nesse sentido por si só. Ah, sim… nesse livro eu abrirei o jogo de vez sobre os Proscritos. Isso eu prometo.

A partir daí já dá para se pensar em coisas interrompidas com a decisão de se criar um novo sistema, planejadas originalmente para o Alpha. Há muito a se falar. Os Cossacos sofreram com isso: eles deixaram de ser uma classe de personagem na nova versão por motivos lógicos: todos são humanos e eu precisava viajar em desculpas pseudo-científicas para explicar porque eles contavam à parte. Mas eles precisam de espaço, e eu pretendia trabalhar nisso.
Meu próximo passo? Há um livro em minha mente, já parcialmente escrito em artigos já publicados em outros lugares mas cuja metade será composta de material inédito. Ainda podemos bradar: somos o maior cenário sci-fi do Brasil. Temos com o Alpha seis livros, uma história em quadrinhos, uma trilogia de romances em produção… mas sem vocês, os jogadores, não somos nada. Então saiam da sua masmorra e mirem para as estrelas!
Até a próxima e divirtam-se!
Isso é fantástico. O Bagulho vai ser louco
Podemos bradar com muito orgulho e reivindicar como nosso Subtítulo: O Maior Cenário de Ficção Científica Nacional!
Pera, agora eu tô confuso. Então não vai mais ter Brigada Ligeira Estelar RPG em um Sistema Próprio? O Brigada vai ser 100% do 3DeT Victory?
Sim. Mas ele não vai ser um suplemento. O livro básico terá suas regras e no que depender de mim, muita coisa vai ser expandida para preservar a experiência do cenário.
AAAAAA agora entendi 😉