Matérias Exóticas

Novo colaborador! Aqui quem estreia é o Henrique “Morcego” Santos, trazendo mais conteúdo para suas campanhas de Brigada Ligeira Estelar. Vamos em frente!

O Grande Vazio — um longo período de tempo do qual pouco se sabe no passado da Constelação — é um elemento de extremo valor ao cenário de Brigada Ligeira Estelar por representar o potencial de praticamente qualquer inovação científica e tecnológica a ter sido obtida, mas nunca massivamente reportada. Para um Mestre em busca de uma rápida e improvisada resposta a um jogador que esteja questionando de onde veio “aquilo” (seja o que aquilo seja na aventura), este período do cenário é a resposta mais fácil.

E em um cenário onde astronaves, mechas e ciborgues são comuns, a apresentação de um novo material que os personagens possam explorar (seja como mineradores, seja equipando a si mesmos e seus pertences), renderia uma ótima oportunidade para explorar certas regiões pouco conhecidas da Constelação do Sabre.

Em cenários de fantasia medieval, esse tipo de situação fica por conta de metais élficos, metais cristalinos dos anões, escamas de dragão e coisas do tipo. Para BLE, no entanto, a abordagem de ficção científica se faz necessária. Vamos ver algumas possibilidades já abordadas pela ciência especulativa!

OBS: Atualmente, o sistema 3D&T ALPHA abriga o cenário de BLE, então as regras aqui seguirão este sistema. Quando Brigada Ligeira Estelar reestrear sob um sistema adaptado em um futuro próximo, será mais fácil adaptar estas regras também.

Hidrogênio Metálico (25 PEs)

Já que ainda estamos no campo do 3D&T onde nasceu BLE, nada mais justo que começar homenageando o criador do sistema, Marcelo Cassaro. Em seu universo nascido do romance Espada da Galáxia (que eu apelidei carinhosamente de Cassaroverso), a própria arma que dá nome à obra é feita de hidrogênio em estado metálico, forjado nas profundezas de Metalian pela própria Imperatriz Metaliana. Pronto, homenagem feita!

Este material seria extremamente afiado, podendo chegar a uma largura de fio de um átomo de hidrogênio, o que lhe permitiria cortar praticamente qualquer matéria como se fosse uma faca quente num bloco de manteiga. Além disso, seria um metal muito mais leve que as ligas conhecidas.

Já no campo da ciência como a conhecemos, o hidrogênio em estado metálico é apenas uma hipótese de difícil reprodução, e de sustentação ainda mais difícil (em termos físicos, este hidrogênio metálico precisaria estar constantemente sob temperatura baixíssima e pressão altíssima). 

Armas de hidrogênio metálico diminuem a proteção de seus alvos em um nível (Invulnerabilidade se transforma em Armadura Extra, esta é anulada e personagens que não possuírem tais vantagens têm sua Armadura completamente ignorada). Armaduras e cobertura de fuselagem geram o efeito oposto (aumentando a proteção natural em um nível contra qualquer tipo de dano, exceto advindos de alguma origem sobrenatural sob escolha do Mestre).

Matéria Negra (15 PEs)

Atualmente uma espécie de “solução tapa-buraco” nos estudos cosmológicos (sendo considerada basicamente plasma espalhado por 99% do universo), a matéria negra já povoa muitas obras de FC, sendo a mais recente e popular o Universo Cinematográfico Marvel, no qual a matéria negra é utilizada livremente pelos Elfos Negros em seu armamento.

Porém, da mesma forma como existe o fluido supercrítico que pertence ao mesmo tempo aos estados líquido e gasoso, a matéria negra poderia estar simultaneamente situada como plasma e como sólido. Portanto, um material assim poderia atuar como um supercondutor de energia para mechas e veículos, ou mesmo ser transformada em matéria-prima para armas de energia (uma espada de matéria negra seria simultaneamente uma espada de lâmina sólida e um sabre de luz).

Armas de matéria negra concedem um bônus de FA igual à metade da pontuação atual do personagem, e causam dano por Corte e Fogo ao mesmo tempo. Já os itens de proteção e cobertura de fuselagem garantem um bônus natural de FD+2 e permitem gastar um movimento para receber FD+4 contra Fogo a cada turno. Caso utilizado como material supercondutor de uma máquina, a eficiência da máquina é considerada sempre como H+2 para cálculos de alcance, velocidade, duração de efeito e outros ligados à utilidade da máquina.

Matéria Fotônica (40 PEs)

Um nome bonito para “luz sólida”, esta matéria exótica seria formada por complexas interações quânticas induzidas em locais como LHC (Grande Colisor de Hádrons). Além de seu grande valor como possível combustível ou mesmo para a geração de armas de energia, já imaginou poder criar verdadeiras pontes Bifrost (como a que liga Asgard à Terra, de acordo com a mitologia nórdica)?

A matéria fotônica provavelmente poderia ser controlada por emissores gravitacionais, estabilizando e desestabilizando os fótons. Seria muito interessante criar escudos de luz que se solidificam quando necessário, e depois se tornam simplesmente luz intangível. Que tal, na hora do combate, revestir a si mesmo com uma armadura de matéria fotônica? Talvez o Modelo 68 de armadura do Homem de Ferro, que ele chama de holograma sólido, seja na verdade feito de matéria fotônica!

Agora, a ideia mais inusitada: que tal trocar TODA a fuselagem do mecha ou astronave por matéria fotônica? Como seria impressionar seus aliados e amedrontar seus oponentes com um mecha feito de luz sólida?

Armas de matéria fotônica diminuem a Armadura de seus alvos pela metade após cálculos de Invulnerabilidade e Armadura Extra. Já armaduras e cobertura de fuselagem dobram o valor da Armadura após cálculos de Invulnerabilidade e Armadura Extra. Além disso, a natureza quântica do material dá o benefício do elemento surpresa caso não esteja ativado: você pode gastar um movimento para que seu primeiro ataque ou defesa realizado através de um item de matéria fotônica receba um bônus de H+3. Depois de usado como elemento surpresa, o oponente não pode mais ser pego desprevenido (a não ser por Manobras de Combate ou outras condições).

O efeito mais incrível é quando um veículo ou mecha é inteiramente revestido por matéria fotônica: ele se torna capaz de queimar ao toque (sua FA por Força recebe +1). Por 35

PEs, pode expelir rajadas de energia (dano por Fogo) com PdF igual ao valor de A na escala da máquina.

Hélio Metálico, ou Liga Hélio-Berílio (15 PEs)

Conjecturado em obras de FC já no final do século XIX, o hélio metálico era considerado uma forma cristalina metálica do gás nobre hélio, capaz de ser estimulado para ignorar a gravidade ou voltar a ser afetada por ela. Ou seja, um simples pulso codificado torna o portador de hélio metálico capaz de voar sem consumir energia! Assim, o hélio metálico se assemelha muito ao conceito do Nth Metal da DC, que permite aos Thanagarianos voarem. Bastaria, portanto, substituir algumas partes sólidas de um mecha ou veículo por placas de hélio metálico, e os problemas de consumo de combustível para levitar e voar estariam permanentemente resolvidos. Mas não esqueça, voar não significa ter controle sobre o movimento vetorial – talvez sejam necessários jatos auxiliares para manobrar.

Outra obra de FC já considerou a formação da liga metálica hélio-berílio, mas sem grandes explicações por parte do autor sobre suas funcionalidades. Para tornar o hélio metálico um pouco mais aceitável, que tal considerar que hélio metálico é nada mais que um nome facilitado para a liga hélio-berílio? Facilita na hora de usar termos difíceis durante o jogo!

Armas de hélio metálico concedem um bônus de H+2 para FA, enquanto itens de proteção garantem o mesmo bônus, mas para FD e esquivas. Além disso, uma arma ou armadura de hélio metálico garante um bônus de +2 em sua rolagem de iniciativa, além de somar um bônus de 1d à FA do seu primeiro ataque ou à FD da primeira defesa no combate. Esse dado extra conta para definir acertos críticos.

Neutrônio (10 PEs)

Considerado um dos materiais mais densos e pesados que hipoteticamente poderiam existir, o Neutrônio nada mais é que uma forma solidificada de nêutrons. Para se ter uma ideia de seu peso, uma colher de chá cheia de neutrônio teria o mesmo peso que o Monte Everest inteiro – aproximadamente um bilhão de toneladas!

Como se pode perceber, sua utilidade seria bem difícil se for pensada como material para forjar algo – nenhum veículo seria capaz de suportar tanto peso. Agora, imagine o comércio de “grãos” de neutrônio: a espada de um mecha poderia conter três ou quatro grãos ao longo de sua lâmina, o que faria um ataque estilo guilhotina extremamente destruidor com a ajuda da gravidade acelerando a descida da espada com grãos de neutrônio. Ou, os grãos poderiam ser posicionados nas pontas dos dedos ou juntas do mecha. Arremessar um grão desses contra um inimigo já seria um evento incrível de se vislumbrar!

Contendo um material tão denso, as armas ou itens de proteção com grãos de neutrônio multiplicam mais uma vez a F, PdF ou A em caso de crítico. Entretanto, estes itens reduzem a H da máquina pela metade para o cálculo de FA ou FD.

Enfim, estas são apenas cinco ideias tiradas do que se especula na ciência atual, e que podem até ser reproduzidas em mínima escala e por tempo muito curto – mas em um cenário de possibilidades quase infinitas como Brigada Ligeira Estelar, podemos explorar através de experimentos bem-sucedidos do Grande Vazio. Boas descobertas!

Henrique “Morcego” Santos

7 comentários

  1. Muito legal. Eu já fiz uma arma parecida com neutrônio numa aventura (em outro cenário), era uma marreta com um núcleo superdenso na cabeça, suspenso num campo de anti-gravidade que desligava na hora do impacto. Fazia estrago.

  2. Excelente materia. Parabéns. Imagino que pela questão de direitos autorais não se possa usá-lo mas como imaginaria o adamantium nesse universo?

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