Hiper-espaço e seus Riscos

Desde a criação do Motor Cósmico, os saltos hiper-espaciais se tornaram uma inovação fundamental para a humanidade — tanto quanto a escrita, a tecnologia computacional e outras. Todas as astronaves com o motor cósmico podem astro-navegar pelo espaço conhecido em suas aventuras e rotinas. Porém, existe um detalhe muito importante: assim como toda tecnologia, o motor cósmico é passível de falha. E aí temos a grande questão: o que acontece quando o motor cósmico falha DURANTE o salto hiper-espacial?

A seguir eu mostrarei algumas possibilidades que o Mestre pode definir de imediato ou, para deixar as coisas interessantes e imprevisíveis, eventos randômicos podem ocorrer, exigindo precaução dos pilotos e astro-navegadores, além de manutenção do equipamento para diminuir a chance de que tais eventos possam ocorrer durante o salto. Jogue 4d6 e compare com os resultados a seguir caso prefira a randomização dos resultados.

04-09 – Expulsão Imediata do Hiper-espaço

Caso o motor cósmico simplesmente pare de funcionar em meio a um salto hiper-espacial, a maior probabilidade é a da astronave simplesmente perder sua capacidade de se manter viajando no hiper-espaço, reaparecendo imediatamente no espaço real, em algum ponto no meio do caminho previsto à escolha do Mestre.

Outros efeitos acumulados a esta volta súbita ao espaço real podem envolver coisas como travamento de sistemas que precisam ser reiniciados ou recalcularem onde está a astronave e suas condições internas, parada temporária de certas funções (imagine o caos se os sistemas de manutenção de vida como temperatura e oxigênio precisarem de um tempinho pra voltarem a funcionar), congelamento ou superaquecimento dos propulsores, ou mesmo danos à fuselagem.

10-13 – Plasmificação

Embora esta tecnologia esteja completamente fora do escopo da Física atual, certos teóricos se enveredam pela especulação de como funcionaria o hiper-espaço. A teoria mais aceita entre os cientistas é a de que uma astronave no hiper-espaço, caso tenha seus propulsores danificados e volte repentinamente ao espaço real, terá tanta energia acumulada trazida do hiper-espaço que seria impossível controlar tal carga energética exterior, fazendo com que a astronave exploda de forma inimaginavelmente violenta e reduza todas as suas partículas a plasma.

Por questões de jogabilidade, podemos nerfar um pouco esta explosão e dar à astronave a chance de resistir à explosão. Partindo do princípio de que a energia gerada advém da massa e velocidade da própria astronave, considere que a explosão tem FA igual ao resultado máximo que a astronave teria em um choque frontal (F4 + H3 +1d têm resultado máximo 17 pontos de dano, por exemplo).

14-16 – Choque com Corpo Celeste ou Hiper-celeste

Este resultado é na verdade um possível efeito colateral do resultado mais provável de expulsão imediata do hiper-espaço: e se no meio do caminho tivermos uma lua, um cometa, um asteroide, um planeta, uma estrela, um buraco negro???

Bem, se a questão é ser totalmente realista, a astronave bate no corpo celeste e tchau. Impossível uma astronave resistir a tal choque com toda a energia cinética contida em si ao sair forçosamente do hiper-espaço.

Corpos celestes existem no espaço real, enquanto os corpos hiper-celestes obviamente são pertencentes ao hiper-espaço. Segundo a lore de Star Wars, todo corpo celeste exerce força gravitacional sobre o hiper-espaço, gerando o que seriam “sombras” de corpos celestes por lá, mas capazes de se chocar com uma astronave em salto hiper-espacial como se fossem feitos de matéria física.

Porém, vamos de novo dar uma colher de chá e fornecer a oportunidade de lendas da pilotagem nascerem: um sucesso em um teste Muito Difícil de Pilotagem é o que vai salvar esse pessoal.

17-19 Moto Perpétuo

As três consequências anteriores estão relacionadas à travessia indesejada do hiper-espaço para o espaço real. No entanto, pode-se imaginar a possibilidade de um motor cósmico que se danifique durante o salto hiper-espacial simplesmente inviabilize o retorno da astronave ao espaço real. A astronave ficaria em linha reta em velocidade máxima dentro daquele espaço fora da realidade, até que todas as fontes de energia dela se esgotassem (combustível, eletricidade, sistemas de manutenção de vida). Aí, a astronave vai desacelerando e se torna um cemitério hiper-espacial para sua própria tripulação.

Em uma situação assim, o Mestre pode estabelecer o tempo que resta aos personagens antes que a manutenção de vida se esgote e, assim, os mecânicos e cientistas podem pensar soluções práticas ou inusitadas para consertarem o motor cósmico ou encontrarem outras formas de retornarem ao espaço real. Não podemos esquecer que a astronave provavelmente estará muuuuuuuito longe do destino originalmente calculado caso volte ao espaço real.

Já que estamos especulando, o hiper-espaço pode ser também um ambiente onde a inércia manteria a astronave eternamente condenada `A mesma velocidade. Isso seria parecido com certas situações nos quadrinhos — como quando o Flash não consegue sair da Força de Aceleração e perpetuamente corre na maior velocidade permitida por este plano. No máximo, algumas manobras seriam possíveis (especialmente para desviar de corpos hiper-celestiais), sempre sob o risco de sua própria força motriz atuar contra a própria astronave, como um carro que capota em alta velocidade ao tentar fazer uma curva muito fechada.

20-21 – Trauma Psicológico

Estamos muito acostumados à visão das estrelas se tornando linhas de luz sob o ponto de vista de Han Solo em sua Millenium Falcon. Muitos outros filmes, desenhos, mangás e videogames exploram o mesmo efeito estético da viagem hiper-espacial, mas quem consegue dizer que é aquilo mesmo que ocorre? E se o hiper-espaço for muito mais psicodélico? Ou mesmo, e se o hiper-espaço for feito de puro NADA e todos os que o vislumbram por tempo suficiente são afetados psicologicamente por um espaço inexplicável por sua mente?

Se for este o caso, pessoas expostas por tempo suficiente à visão do hiper-espaço podem gradualmente enlouquecer. Em questão de regras, poderia ser até interessante considerar que absolutamente TODO salto hiper-espacial exige da tripulação que vislumbra o hiper-espaço um teste Muito Fácil de Resistência, ou ficar por 1d rodadas sob o efeito de Assombrado.

Talvez o motor cósmico não apenas realize a travessia entre os espaços, mas também gere um campo ao redor da astronave sem acesso real ao hiper-espaço à visão da tripulação, o que seria um recurso muito interessante (por exemplo, que tal uma Desvantagem de –1 ponto que diz que tal astronave com Hiper-espaço está desprotegida contra a visão do hiper-espaço?).

Assim, danos ao motor cósmico desativariam este campo de proteção visual e exporia a tripulação à visão enlouquecedora do hiper-espaço, dando automaticamente a todos que o vislumbrem uma Insanidade de –1 ponto ou outra desvantagem semelhante (como Assombrado, Sanguinário etc.). Um segundo vislumbre aumentaria o trauma psicológico, levando a uma Insanidade de –2 pontos, cumulativo à anterior. Já um terceiro vislumbre garantiria o poder de Kit “mente alienígena”, cumulativo às insanidades anteriores, ou então a um estado vegetativo (em termos de jogo, o personagem morreu).

22-23 – Empuxo Cronal

Existe a possibilidade de que o hiper-espaço seja na verdade a quinta dimensão, de modo que qualquer salto hiper-espacial estaria na verdade acessando uma nova dimensão para que ela distorça as quatro iniciais e assim propicie esta viagem por grandes distâncias sem efeitos colaterais de viajar mais rápido que a luz em termos de física relativística.

Assim, uma falha no motor cósmico poderia afetar a dimensão imediatamente inferior a ela, a do tempo. Por causa deste evento, a astronave não estaria apenas viajando para uma distância colossal, mas também através do tempo. O motor cósmico se tornaria então uma máquina do tempo, totalmente fora do controle da astronave em quanto tempo variar. A maior possibilidade é pela viagem ao futuro, sob escolha do Mestre se serão horas, dias, anos, séculos ou até milênios!

Outra possibilidade é a do motor cósmico funcionar gerando um campo de estase cronal à volta da astronave, impedindo que a tripulação tenha sua linha cronal afetada. Porém, um motor cósmico desativado pode causar envelhecimento ou rejuvenescimento sem nenhum critério de pessoas da tripulação.

24 – Bizarro

Aqui, você pode simplesmente considerar que a quinta dimensão é chamada de dimensão das possibilidades e adicionar o elemento que mais lhe agradar e que torne a aventura bizarra. Podemos começar pelas leis da Física: sem um motor cósmico para manter a integridade da astronave, as coisas podem se tornar bidimensionais em vez de tridimensionais, a luz emitida e refletida pode funcionar diferentemente (coisas podem ter suas cores trocadas ou eliminadas), a próprio estado líquido da matéria pode deixar de existir (e aí todo líquido será ou sólido ou gasoso; imagine os efeitos disso sobre a água da astronave, o combustível líquido, o sangue!)…

Fantasmas quadri-dimensionais podem passar a assombrar a astronave, sendo eles não realmente fantasmas, mas projeções de outros lugares e tempos enquanto a astronave não conseguir sair do hiper-espaço, como se a astronave estivesse tangenciando diversos locais e épocas sem realmente interagirem com estes fantasmas – talvez a própria tripulação e a astronave estejam sendo vistos como fantasmas nestes locais e épocas.

Talvez o motor cósmico cause a geração de uma astronave “hiper-clônica” que substitua a astronave original no espaço real, com cópias exatas de cada mesmo da tripulação, porém elas e a própria astronave feitas de matéria hiper-espacial. Isso pode gerar uma nova aventura em que os personagens voltam ao espaço real e descobrem que ganharam má fama por coisas que não fizeram, e precisam agora caçar os hiper-clones.

Por fim, o encontro entre os humanos de Brigada Ligeira Estelar com criaturas alienígenas pode finalmente ocorrer como evento bizarro caso o motor cósmico quebre durante o salto hiper-espacial. E não precisamos esperar por seres semi-humanos como os de Star Trek, nem mesmo aquelas raças diferentonas do universo DC que se tornam membros de alguma Tropa dos Lanternas Verdes. Aqui o negócio pode ser BIZARRO, como seres feitos de um material nem mesmo reconhecido como matéria, como uma nuvem taquiônica, um vórtice de ondas gravitacionais, uma forma de vida unidimensional (talvez uma supercorda senciente), e o que mais sua criatividade permitir. Se for pra ficar um pouco mais tangível, os deuses-monstros lovecraftianos seriam uma boa pedida.

Aproveite esta lista de eventos inesperados quando o motor cósmico se danificar, e prepare-se para os grandes desafios da astro-navegação!

Henrique “Morcego” Santos

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