No site da Jambô Editora, há um texto introduzindo Brigada Ligeira Estelar e seu universo para quem chega agora: vocês podem lê-lo AQUI. Ao longo de todo este tempo, lá e aqui, venho escrevendo conteúdo para a ambientação e vocês podem encontrá-los com mais facilidade NESTA listagem. Então, neste momento (é a última postagem deste mês de aniversário e, na próxima semana, voltaremos às seções regulares de sempre), do que eu poderia falar por aqui?
Bom, da necessidade de construção de uma comunidade para o cenário.
Uma das informações mais recorrentes na pesquisa foi o fato de que muitos querem jogar Brigada Ligeira Estelar, mas estão presos a grupos pouco interessados em jogar quase tudo* fora do cercadinho da fantasia medieval. E é fácil entender o motivo: este é um gênero fácil. No seu osso, você pega sua espada +2, entra em um labirinto, mata uns bichos, rouba grana e vai para a próxima.
Isso tem alguns outros sintomas e talvez eles sejam preocupantes. Certa vez, um leitor me confessou ter dificuldades em aceitar elementos como terraformações de planetas ou viagens rápidas de um mundo para outro, prejudicando sua relação com o cenário. Mas é fácil imaginar um panteão de deuses criando mundos por mágica ou magias de teleporte, certo? Depois disso, passei a compartilhar artigos de divulgação científica no Twitter de Brigada. Sério.

FICÇÃO CIENTÍFICA: “TELEPORTE? AH,
ISSO AÍ É A MAIOR MENTIRA!”.
Mas eu já devo ter dito isto em algum outro momento e estou me desviando um pouco do importante: a solução prática para isso é o surgimento de uma comunidade mais sólida entre os fãs do jogo. E isso não vai acontecer de forma artificial por vontade do autor — ele no máximo pode dar uma ajudinha, e sua presença pode ser importante, mas no final isso depende de quem já o joga. E porque isso ainda não aconteceu? Bom, talvez haja um motivo para isso.
Quando Brigada Ligeira Estelar veio, ele foi recebido com certa hostilidade por parte dos fãs do sistema. No blog da Jambô, era possível ver nos comentários dos artigos de Brigada Ligeira Estelar perguntas sobre o Tormenta Alpha ou outros livros (quando não era sobre este, eram reclamações do tipo “livro de campanha? Deveria ter saído para o outro cenário”) — e isso só afasta os interessados. Eu respondi à situação lançando novos livros. E assim…

FANTASIA: “TELEPORTE? AH, É
MÁGICA! TÁ TUDO BEM!”.
…o Tormenta Alpha eventualmente foi lançado e pude respirar aliviado: a amolação acabaria e meu cenário poderia ser julgado por seus méritos e falhas. Brigada Ligeira Estelar foi sendo melhor reconhecido depois disso e eu o vejo ser respeitado, hoje em dia, até por aqueles não afeitos à sua temática. No entanto, o cenário perdeu engajamento inicial — e quem o descobriu ao longo dos anos não achou blogs nem fóruns feitos por fãs e dedicados a ele.
Para piorar, a dinâmica da internet mudou de lá para cá. Blogs se tornaram menos importantes do que redes sociais na hora de compartilhar conteúdo mas ainda são a melhor solução para evitar sua perda ao longo dos anos. E estamos em um novo momento de transição, quando as redes socais como as conhecemos estão em decadência e ainda não surgiu solução melhor. Porque convenhamos, Tiktok é basicamente para mostrar gente rebolando e vídeos de gatinhos.

“ENCONTREI ALGUÉM PARA JOGAR!”
Tenho visto mais movimentação em aplicativos como o Whats’app, o Telegram e o Discord — e, talvez, o caminho no fim seja este. Convenhamos, o Facebook está moribundo e o Twitter, após sua compra pelo Elon Musk, está desidratando não tão aos poucos assim (a migração de brasileiros para o Koo é só sintoma). Criar uma comunidade oficial do Brigada Ligeira Estelar no Discord pode ser útil mas, como diria Mané Garrincha, “Já combinou com os russos?**”
E uma comunidade de Discord não é “A Comunidade”, mas esse conceito precisa ser abraçado por todos os interessados no cenário. Dessa forma, quem comprou o livro vai ter aonde ir para procurar quem queira jogar com ele ao alcance de uma passagem de ônibus (ou nem isso, graças a plataformas como o Roll 20). E isso é difícil fora de espaços próprios. Em uma comunidade ligada ao sistema, disputar território com outros cenários sempre vai ser preciso.

“BOA NOITE, EU MESTRAREI A AVENTURA
DE HOJE! VÃO MONTANDO AS FICHAS!”
“Ué, mas seu cenário não se garante?” Quero crer nisso, mas vou repetir: o fato dele ter precisado se provar para os leitores tirou muito de seu empuxo inicial e isso tem consequências até hoje. Muitas das mudanças no novo BRIGADA LIGEIRA ESTELAR RPG foram pensadas justamente em facilitar a construção de grupos na mesa de jogo — e pretendo mantê-las a todo custo no 3DeT Victory. Então eu estou convocando quem me lê para se abrir à uma comunidade.
Sejam brigadianos. Ocupem espaços. Formem grupos. Postem personagens e fichas aonde puderem. Falem sobre campanhas nas redes sociais. Mostrem sua mesa no Twitch, no Youtube, aonde for. Reúnam grupos de jogo e atraiam gente nova. Rolem mesas de Brigada presenciais em eventos. Farei o possível como autor para divulgar essas iniciativas em minhas redes sociais… mas, novamente, isso depende dos jogadores, não de mim.
Até a próxima. Seguiremos adiante.
* A grande exceção é o sobrenatural — mas há uma certa dose de intercâmbio entre os dois gêneros. Há tanta diferença entre ser, digamos, um genérico dos irmãos Winchester invadindo um bloco de condomínio comandado um vampiro, nos dias de hoje, e ser um aventureiro de fantasia fazendo o mesmo em um mundo pseudo-medieval?
** Esse é um clássico do nosso folclore futebolístico: na Copa do Mundo da Suécia (1958), o técnico da seleção (Vicente Feola), explicou em uma prancheta ou em um quadro negro a tática para derrotar a seleção soviética — um senhor time, à época, com direito a um dos maiores goleiros da história do futebol (Lev Yashin, o “Aranha Negra”): Nilton Santos mandaria a bola para Mané Garrincha e este cruzaria para Mazola fazer o gol. E no meio de tantos X, O e setas no diagrama, Garrincha soltou um “Seu Feola, o senhor já combinou com os russos?”
COMENTÁRIO EXTRA 1: não tenho preconceito com fantasia, como vocês devem estar pensando. O jogo que mais quero jogar nos últimos tempos é de fantasia clássica, mas não é nem longe um D20, é mais crunchy e convencer os jogadores a encarar essa tem sido um inferno. Meu problema são os dois pesos e duas medidas, nos quais a ficção científica tende a ser cobrada por tudo enquanto a fantasia tudo pode.
COMENTÁRIO EXTRA 2: essa é uma observação a ser dada: em uma das bienais do livro, plantei pé no estande da Jambô o dia todo e sempre via gente aparecendo para agradecer por Tormenta — pelos anos de Dragão Brasil nas bancas de jornal. Convenhamos que o alcance era menos dirigido, mas maior, e o Brigada não pôde contar com isso: mal o jogo foi lançado, a revista Dragonslayer (herdeira da DB) foi cancelada pela editora Escala, tendo apenas duas edições com sua presença. O jeito foi se virar nas redes.
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Entendi, perfeitamente Alexandre. Sou fã da Brigada e tenho todos os livros físicos e digitais do cenário. Eu curtiria ter um Discord sobre o nosso cenário, acho que pelo menos seria um ponto para o pessoa trocar uma ideia. Obs: Curti aquele overlay depois se puder compartilhar kkkk Tamo junto e muito sucesso para e você e o Brigada.
Obrigado, Allan. Quanto ao overlay, posso compartilhar sim. Divirta-se. 🙂

E já temos nosso Discord:
https://discord.gg/6kKeQT6TvR
Pode deixar comigo General Alexandre!
Já estou realizando o trabalho de espalhar a palavra Brigadiana e, dentro das minhas possibilidades, ocuparei o máximo de espaços possíveis.
“Boa Noite, como vai você? gostaria de ouvir a palavra da Brigada Ligeira Estelar?
Entendido General Alexandre! Serei Brigadiano e ocuparei todos os espaços possíveis dentro das minhas limitações. Avante Hussardos!
“Boa noite, gostaria de ouvir a palavra da Brigada?”
O Discord em questão já está pronto? Há algum link a ser divulgado ?
Ainda não, mas estamos trabalhando nisso!