Eu confesso: recomendar referências para os jogadores de Brigada Ligeira Estelar é útil para o jogador e o mestre iniciantes, buscando algum norte sobre o gênero no qual está entrando. Eu mesmo confesso que tendo a exagerar nesse sentido — valorizar os aspectos únicos do cenário é importante, também. No entanto, algumas obras que nada tem a ver com ficção científica e robôs gigantes podem ser evocativas para mestres de jogo. E acho interessante compartilhar algumas delas aqui, por que não? É uma boa oportunidade para lembrar: tudo pode ser inspiração para os mestres de jogo atentos, de livros e quadrinhos até a novelas de tv. Podem acreditar — a inspiração para a aventura pronta A Face de Stéphanos foi Uma noite no Monte Calvo, de Mussorgsky. Isso mesmo: apesar da ficção científica e dos robôs gigantes, aquilo em espírito é uma história de fantasmas…
RICARDO III, de Richard Loncraine
Shakespeare! Mas não é qualquer Shakespeare: essa versão cinematográfica de 1995 transplanta a ação do começo da Idade Moderna para uma década de 1930 alternativa (a única aproximação com a ficção científica aqui), repleta de alterações discretas para nos enfatizar essa ideia ao usar locações diferentes das verdadeiras para determinados cenários, versos de poetas elizabetanos como letras para canções populares de jazz e pequenas modificações nos trajes militares, combinando-as com a iconografia fascista encampada por nosso protagonista. Podem acreditar: coloquem robôs gigantes aí e o Ricardo III de Ian McKellen daria um espetacular vilão para a Constelação do Sabre!
SHARPE, de Bernard Cornwell

Embora eu tenha usado aqui uma imagem da série britânica de TV, eu estou falando dos livros originais do Bernard Cornwell — gosto mais deles do que dos livros históricos “sérios” do autor. Sharpe é material mais popular, escrito dentro de uma fórmula eficiente e episódica (apesar de seguirem uma ordem cronológica de eventos, você pode ler cada um isoladamente). Para um mestre de Brigada Ligeira Estelar, dá para adaptar conceitualmente vários elementos dessas aventuras para o espaço. A fase hindu é bacana, mas aventuras napoleônicas como “Os Fuzileiros de Sharpe”, são mais convenientes nesse sentido.
TRILOGIA DA CAVALARIA, por John Ford
Inegavelmente o maior diretor de westerns foi John Ford: entre 1917 e 1966, ele dirigiu 133 filmes, a maioria no gênero. Foi ele quem o definiu de vez no cinema e forjou a figura de John Wayne. Aqui destacamos a Trilogia da Cavalaria, composta pelos filmes Sangue de Heróis (Forte Apache), Legião Invencível (She Wore a Yellow Ribbon) e Rio Bravo (Rio Grande — não confundir com o Rio Bravo de Howard Hawks, que no Brasil virou Onde Começa o Inferno). Esses filmes precisam ser vistos sob o contexto de seu tempo mas são um perfeito exemplo do lado humano desses soldados, que oscilam entre suas vidas normais e missões das quais gostariam de estar longe — mas precisam ser feitas.
OS CAVALEIROS DO AR, de Gérard Pirès
Este filme é e não é baseado em um clássico quadrinho francês, Tanguy et Laverdure (de Charlier e Uderzo). Na série de TV em 1967, o rebatizaram de “Os Cavaleiros do Ar” — e quando decidiram adaptá-lo para o cinema em 2005, a produção recuou — mas mantiveram o roteiro, mudando o nome dos personagens e resgatando o nome da série de tv (o DNA continua lá)! Não é tão bom, mas é uma mistura interessante de ação aérea, espionagem e conspiração. Como referência, a Brigada é mais heróica do que isso, mas a Inteligência Imperial e a Nobreza em geral, não — e não custa lembrar: boa parte dos clichês das histórias de robôs gigantes vieram das aventuras de aviação!
O DESAFIO DAS ÁGUIAS, de Brian G. Hutton
Durante a Segunda Guerra Mundial, um avião militar cai e seu único sobrevivente é um general de brigada capturado logo a seguir por militares alemães e levado para uma fortaleza nos Alpes da Baviera — o “Castelo da Águia”. Como o general sabia dos planos para o Dia D, uma equipe com o Clint Eastwood é mandada para resgatá-lo e assim começa a contagem de corpos. Aventura de guerra clássica, com infiltração, tiroteio e nazistas caindo como moscas (divirtam-se sem culpa — são nazistas, droga!). Joguem essa trama no espaço, enfiem um último combate com robôs gigantes e com isso vocês já terão um one-shot pronto para jogar, podem ter certeza!
Divirtam-se!
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