No novo BRIGADA LIGEIRA ESTELAR RPG, teremos cinco tons para sua campanha de robôs gigantes: Árido (Realismo Seco em 3D&T Alpha), Aventuresco, Heroico, Folhetinesco e Épico (U-Huuuuu!!!! no Alpha, mas vocês vão se livrar disso). Iremos falar um pouco de todos eles e já falamos dos tons Aventuresco (vejam AQUI) e Árido (vejam AQUI). Nosso próximo passo é o tom Heróico — e de uma forma simples e direta: vocês serão como os heróis de filmes de ação.
Isso não é tão incongruente com o gênero quanto se pode pensar. É possível lembrar imediatamente de dois exemplos claros: Voltron: o Defensor Lendário (tudo oscila entre o super robot e o real robot, mas olhe as cenas de ação — inclusive fora dos robôs!) e… Gundam Wing. Seus protagonistas e robôs são capazes de feitos exagerados o tempo todo (vejam os episódios de recapitulação — 27 e 28. Alguns momentos hoje soam involuntariamente cômicos, até).
As séries da transição entre o Real Robot e o Super Robot na primeira metade dos anos 80 (das quais falamos AQUI) caem facilmente nessa categoria e incluo aqui Akai Koudan Zillion: não há robôs gigantes, até porque o brinquedo a ser vendido era uma pistola de paintball eletrônico, mas de resto ele pertence ao mesmo contexto e apresenta todos os elementos marcantes dessa era (o esquadrão altamente capaz, o episódico, a ênfase na “missão da vez”…).
Zillion cai nessa categoria — na maioria tendem a se alinhar ao tom heróico.
Ou seja, é uma questão de tom e capacidade individual dos personagens contra as ameaças ao seu redor — e, convenhamos, a existência de personagens muito capazes reduz muito as chances do tom soar Árido para os jogadores. Se citamos algumas aventuras de guerra mais clássicas no artigo sobre o Aventuresco, “O Desafio das Águias” (When Eagles Dare) é um exemplo bom do Heróico dentro do mesmo recorte de gênero e época. Nazistas caem como moscas aqui!
Mecanicamente o Brigada Ligeira Estelar para 3D&T Alpha já deixa tudo armado para esse tipo de campanha (ver página 45 do suplemento de cenário): personagens começarão com sete pontos e recomendamos, a partir daqui, o uso das regras para hordas. Não queremos soltar spoilers do vindouro BRIGADA LIGEIRA ESTELAR RPG, mas o ajuste do tom será mais um papel do mestre e os jogadores contarão com bons recursos a seu favor nesse sentido. Podem acreditar.

e se pensarmos bem, a série oscila em tom do Super Robot para o Real Robot com desenvoltura.
Por outro lado, já podemos começar a pensar de verdade nos antagonistas em termos de… vilões. Há diferença quando temos um oponente sem rosto, como um CEO corporativo — ou mais nivelado a nós, como um piloto inimigo — e quando temos uma figura nefasta com recursos e poder nas mãos. Isso pode estar presente na campanha aventuresca mas, a partir daqui, vai ser fundamental para o sentimento de vitória no final: ter adversários à altura é importante.
Nem é preciso dizer: os personagens podem até morrer mas são duros de se matar! Talvez um bom elemento para ajudar a se separar o Aventuresco do Heróico seria adicionar a seguinte regra opcional: não há munição limitada. Tons de cinza podem estar presentes mas esse não é o diferencial aqui. Vamos tentar levar isso tudo em conta e tentar imaginar uma campanha heróica, com todas as suas aberturas para feitos de ação, em BRIGADA LIGEIRA ESTELAR RPG.

E definitivamente não fariam isso em, digamos, Votoms.
Seus personagens são pilotos imperiais da Brigada, todos alferes. Sua primeira missão: vocês repelirão terroristas em uma cidade flutuante de Altona (elas não precisam se limitar ao planeta Moretz, afinal) — mas precisarão lidar com brigas enquanto enfrentam um traidor. Aqui temos um bom terreno para esse espírito: essa cidade flutuante seria protegida pela Brigada ao invés da guarda regencial e isso faz os membros desta se sentirem incomodados.
Há pessoas comuns nessa cidade. Quando uma nave de pilotos regenciais Altonianos pisa no lugar, o clima esquenta quando todos estão no bar — basta uma garota bonitinha para servir de vetor, palavras duras são trocadas e pronto, temos um quebra-quebra. Nada grave, mas os personagens se desgastam justamente quando os terroristas invadem a cidade flutuante: a moça quis fomentar bagunça para desviar a atenção quando o inimigo viesse — ela é um deles.

quando os pilotos de Gundam e Macross podem fazer coisas como essa?
Altona é o único planeta aonde foram encontrados vestígios concretos de vida alienígena inteligente — há restos de uma civilização extinta e, volta e meia, sinais de sua tecnologia muito própria (e eventualmente incompreensível para nós) costumam dar as caras. O grupo terrorista quer tomar uma tecnologia guardada em um dos centros militares dessa cidade e essa é uma ação diversiva: agentes infiltrados invadirão a base e tomarão esse item secreto.
A tal garota na verdade se revela como o chefe final de fase do episódio — mas a tecnologia foi roubada. Os personagens então terão a missão de caçar os terroristas e impedir seu plano, seja qual for, e receberão uma pequena promoção para esse fim, passando a portar tepeques experimentais. Isso os levará a diferentes planetas da Constelação. Essa abordagem pode ser graduada para tons mais exagerados, mas é um bom começo para uma campanha Heroica.

são o inimigo a se temer realmente. Isso faz parte do tom Heróico.
A aventura começa com um quebra-quebra por causa de uma moça causadora de cizânia, teremos uma invasão de terroristas, os personagens podem tentar caçar a moça enquanto este se aproveita do caos deflagrado… ou seja, a trama não vai parar! Isso NÃO significa ausência de desenvolvimento para personagens caso seja o primeiro episódio de uma campanha mas, em uma sessão inicial, teremos tudo para expor aos jogadores todo o potencial de ação do gênero.
Apenas se lembrem de sincronizar as ameaças para este nível de ação e de poder de fogo para os adversários. Como foi dito lá atrás, não vai ter nenhuma graça ser capaz de feitos incríveis caso as dificuldades e os oponentes não estejam à altura. A palavra-chave, aqui, é heróico! Vocês estão um passo além do aventuresco e podem abraçar a herança maior do 3D&T!
Agora é com vocês. Até a próxima (e nela traremos o nível Folhetinesco) — e divirtam-se.
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