Piores Jogadores (com Mechas) – 03/03/2022

Os Piores Jogadores (com Mechas) estão de volta, com novos comportamentos péssimos dos jogadores à mesa e seus análogos em desenhos animados de robôs gigantes! É sempre assim: eu dou a fonte como esgotada, mas de repente sempre surgem novas criaturas pelo caminho e… bem, hora de pôr a mão na massa. Quando é para atrapalhar a vida, sempre há alguma coisa, podem ter certeza!

É claro, algumas vezes um personagem pode ter características como essas e ser funcional tanto na tela quanto na mesa de jogo. O problema, repetindo, é quando o comportamento vem do jogador e não necessariamente dos personagens — ou pior, este é usado como veículo desse jogador para encher o saco do mestre ou atravancar o andamento na mesa de jogo. Pode nem ser deliberado.

E de novo, vocês sempre podem reler as postagens anteriores (AQUI). Os piores tipos de jogadores são indeléveis: eles sempre, sempre, SEMPRE retornam!

Quem é vivo sempre aparece, não é, Suzaku?

O Virtualmente Invulnerável

Primeiro, o jogador insere uma vantagem ou desvantagem em especial, deixando sua natureza vaga. Ela está no livro e faz parte das regras, sendo mais prático jogar e deixar explicações para depois. De repente, o personagem tira uma capacidade nova da gaiola, surpreendendo o mestre e os demais jogadores ao mostrar-se virtualmente invulnerável: como criar uma ameaça à sua altura se o jogador, alegando esse gancho, tira uma solução “mágica” do bolso?

Nos animes: Suzaku Kururugi, de Code Geass. O primeiro a bater ponto duas vezes nessa seção! Após ter sido infectado pelo Geass, ele passa a tirar novas capacidades da cartola em caso iminente de morte — seja ganhar habilidades estratégicas inusitadas, virar um piloto espetacular… ou anular os efeitos de alguma capacidade de seu oponente contra si! Em termos de jogo… “Ah, é o Geass”, e isso explica tudo… mesmo se soar absurdo aos olhos do mestre!

Como lidar com um Suzaku na sua Mesa? Se o jogador quiser bancar o esperto para cima do mestre, este precisa ser mais esperto ainda: identifique logo o potencial de vagueza dessa possibilidade… e defina tudo de antemão. Se o gancho for muito vago (amnésia, por exemplo), faça a ficha verdadeira do personagem logo de início. Mantenha um olho aberto, definindo concretamente quais são as suas habilidades. E evite deixar à mão recursos muito roubados.

Boss (no meio): maior mala não existe, podem acreditar.

O Mala

Esse jogador pode não ter construído bem sua ficha ou ser uma vítima dos dados, mas não importa: vai reclamar durante toda a sessão por não ser capaz o suficiente e, depois, amolará o mestre durante a sessão inteira, procurando arrancar sempre novos pontos de experiência ou um preço menor para itens. E mesmo se seu personagem evoluir, o jogador não o fará: ele sempre choramingará por bônus, valores ou pedirá uma nova rolagem de dados pelo mestre.

Nos animes: Boss, de Mazinger Z. Eu evito procurar personagens da era dos super-robôs mas nesse caso não dá para escapar. O Boss é um dos maiores malas sem alça em toda a história dos animes: orbita incessantemente a base dos protagonistas pedindo por um robô, enche o saco dos cientistas para montar um robô feito de sucata, perde o tempo dos engenheiros da base pedindo por upgrades em seu bagulho mecânico… e eles só ganham aborrecimento com isso.

Como lidar com um Boss na sua Mesa? Com um cassetete e… tá, não precisamos chegar a tanto mas, infelizmente, esse tipo de jogador tende a nunca ficar satisfeito. Por via das dúvidas, dê a ele uma chance (afinal, ele já está ali): trate-o com igualdade e o ajude, off-game, a desenvolver melhor seus pontos para fazer dele um personagem mais competente. Bata um papo com ele. Mas se não houver jeito, trate-o como ao Cretino: exploda seu robô… e fuja!

Izumi quem? Pois é, você pegou a ideia.

O Número

Diferentemente do Decorativo (interessante no papel mas executado apaticamente pelo jogador) ou do Passivo (de utilidade limitada, destinado a ficar pastando quando não for sua vez de agir), o Número é um personagem existente apenas para fazer número, podendo ser esquecido pelos demais jogadores. Talvez ele tenha apenas uma peculiaridade boba do tipo “eu toco bongô” — mas isso é apenas para constar. De resto ele não passa de números em uma ficha.

Nos animes: Izumi Maki, de Martian Successor Nadesico. O quê? Quem? Pois é, vocês pegaram a ideia. Izumi é uma das três pilotos femininas da nave, mas enquanto suas duas colegas tem seus momentos de foco e até desenvolvimento como personagem, ela está lá para dizer algumas frases sarcásticas quando elas estão em destaque, se juntar aos combates com robôs gigantes (fechando o trio), tocar ukulele de vez em quando e… ser o papel de parede do grupo.

Como lidar com uma Izumi na sua Mesa? Procurando dar uma história para o personagem desde o começo, antes mesmo da ficha ser preenchida, e estimular o jogador a interpretar. Nem todo mundo precisa de uma mega-saga de bastidores mas mesmo um personagem iniciante com características simples (o fazendeiro que deixa seu mundo e se alista na Brigada, por exemplo) pode ter traços de personalidade maiores do que “eu fico em meu canto e solto uma piada”.

Holland, de Eureka Seven: sem comentários.

O Chefe Babaca

Numa mesa de jogo, todos os protagonistas começam nivelados entre si. Porém, um dos jogadores pode se beneficiar de uma circunstância (por exemplo, um posto militar ou até uma atribuição de liderança concedida por um coadjuvante importante) para se impor aos demais jogadores, gerando eventuais tensões. Isso, é claro, não vai prestar na mesa de jogo e se por acaso houver algum tipo de atrito entre dois jogadores, tudo pode dar muito, muito errado.

Nos animes: Holland Novak, de Eureka Seven — provavelmente um dos personagens mais escrotos a pisar no lado dos mocinhos em uma série do gênero. Por se ressentir do protagonista Renton, este é submetido a constantes abusos físicos e agressões verbais o tempo todo, sem motivo nenhum, sob a atitude convenientemente silenciosa dos demais. A segunda metade da série tenta nos vender o peixe de que ele e essa turma toda são gente boa. Não ferra, gente.

Como lidar com um Holland na sua Mesa? Tenho por mim a seguinte regra nas mesas de jogo quando mestro: nenhum jogador tem poder de mando sob os demais. Eles recebem ordens e as cumprem. Se um personagem for líder de campo, sua função é transmitir as ordens superiores e o grupo precisa ver como ela pode ser executada — se houver uma pisada de bola, ele pode não ser mais na próxima vez. E se houver problemas entre dois jogadores, converse com eles.

Nós sabemos.

Aqui aproveito para me deter sobre um aspecto de Brigada Ligeira Estelar: a adoção de um molde “mosqueteiro” para os personagens dessa guarda não foi gratuita. Isso foi feito justamente para evitar a impressão de se estar sendo controlado: muitos jogadores pensam que, nesse caso, os seus personagens se limitarão a cumprir ordens. Mero engano. Eles recebem missões. Isso também acontece em outros gêneros (espionagem, por exemplo) e ninguém reclama.

Na vida comum, o jogador é um ser humano como outro qualquer. Você tem quem lhe buzine o ouvido em casa, na escola, no trabalho e joga RPG esperando se ver livre, por umas poucas horas, dessas obrigações e responsabilidades. Seria imbecil da minha parte aparecer com um jogo aonde os personagens fazem o que os outros lhe dizem. Vocês se viram. Estão tendo aventuras arriscadas no espaço e em outros planetas. É preciso algo além disso?

Até a próxima!

E deixem essa desgraça no ferro-velho, gente.

DISCLAIMER: Code Geass é propriedade da Sunrise, Inc.; Mazinger Z é propriedade da Dynamic Planning Co., Ltd; Martian Successor Nadesico é propriedade conjunta das TV Tokyo, Yomiko Advertising e Xebec. Eureka Seven é propriedade da Bones, Inc.. Todos os personagens mencionados nesta matéria são propriedade dessas respectivas empresas. Imagens para fins meramente jornalísticos e de divulgação.

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