Este é o quinto de uma série de artigos dedicados a cada um dos vinte perfis de personagem do futuro novo livro de Brigada Ligeira Estelar (leia sobre eles NESTE LINK). Os quatro artigos iniciais focaram nos perfis correspondentes ao Ponto — alguém proativo e capaz de “puxar” o restante do grupo de alguma maneira. Então é hora de falar dos quatro perfis seguintes, ligados ao Contraponto… mas, antes, é preciso apresentar de forma geral o conceito.
O Contraponto existe para contrabalançar os efeitos do Ponto em um time. Se nosso Ponto for um jovem idealista e impulsivo, seu contraponto deveria ter alguma bagagem de vida, calcular seus passos e ter pragmatismo para impedir o grupo de fazer uma besteira! Por outro lado, se o Ponto for um personagem Equilibrado, talvez alguém com senso de urgência seja necessário. Querem uma dupla de Ponto e Contraponto emblemática? Luke Skywalker e Han Solo*!
Mas o nosso primeiro contraponto não será como ele. Vamos começar com um tipo de personagem bem conhecido entre os fãs de anime e mangá: alguém com vontade de superar o ponto… mas de forma limpa e em termos honestos. Ele pode ser um ex-inimigo mas também pode se tornar o seu melhor amigo. Talvez os dois se biquem o tempo todo por isso mas, caso apareça alguma grande ameaça, ambos lutarão unidos e protegerão um ao outro. Falamos do Rival Amigável.
Para começar, o elogio à rivalidade é um esteio da cultura japonesa. Já falamos um pouco disso neste artigo mas não custa relembrar: ao invés de desumanizar o oponente, é preciso se identificar com ele, estar à sua altura para poder vencê-lo… e sem encará-lo com o devido respeito, isso não é possível. Nem falamos de respeito pessoal, mas quanto à sua capacidade. Dito isto, temos uma consequência: seu adversário precisa reconhecê-lo como um rival.
Então, para ser respeitado, o Rival Amigável precisa se mostrar à altura. Para ser o melhor piloto, ou o melhor duelista… vocês pegaram o conceito. E ele vai grudar no nosso ponto e buscar reconhecimento tentando vencê-lo de alguma forma. É uma postura comum nos mangás de esportes mas no outro artigo citado já mencionamos a influência do spokon** nas animações japonesas sobre robôs gigantes. Um atleta pode querer derrotá-lo mas não é seu inimigo.

Estamos todos de pé agora. Um bando de idiotas, formando um círculo!”
É claro, pode haver animosidade inicial entre os dois personagens mas, caso o ponto não dê importância ao Rival Amigável, isso vai ser recebido por este como algo pior. Este contraponto tende a ser muito cioso do próprio orgulho e, para ele, essa é uma questão de respeito próprio. Na verdade, há uma grande relação de admiração envolvida, mesmo se o personagem negar isso de pés juntos. Curiosamente o Rival Amigável tende a não ser comum no gênero:
Chibodee Crocket (G Gundam): o mais cabeça-quente dentre todos os membros da nova Shuffle Alliance. É um Rival Amigável bem tradicional (inclusive, ele se tornou amigo de Domon após ser derrotado por este)… e adora uma briga.
Lance (Voltron: o Defensor Lendário): sim, ele tem uma vontade imensa de superar Keith e se mostrar à sua altura. Mas embora ele não seja um primor de maturidade, ele é competente e equilibrado em suas capacidades de combate.

quando é preciso se mostrar à altura do legado deste no final?
Kittan Bachika (Gurren Lagann): um exemplo bem clássico. Ele e Kamina discutem e disputam terreno entre si todo o tempo… mas o próprio Kamina o reconhece como um verdadeiro companheiro de batalha — e ambos tem muito em comum.
Dio Junyou Weinberg (Buddy Complex): uma variação desse conceito. Ele não respeita o Ponto da série*** por considerá-lo inferior. O desenvolvimento deste ao longo da obra muda sua opinião mas ainda há rivalidade de sua parte.
Asuka Langley (Neon Genesis Evangelion): como esperado dessa série, ela é uma desconstrução desse conceito. Asuka se enxerga como uma heroína abrasiva**** mas, ao ser superada por Shinji, perde sua auto-confiança — e definha.
Para um personagem ser um rival amigável, é preciso um personagem-alvo para essa rivalidade. E este pode responder a isso, reconhecendo-o e participando dessa disputa — ou nem lhe dar trela, caso não o leve tão a sério assim…
…e por isso fatalmente temos uma dinâmica entre Ponto e Contraponto aqui. E é importante o seu rival estar do mesmo lado, mesmo se eles tiverem sido oponentes em um momento anterior e nosso Rival Amigável tiver sido convertido na base da porrada. Seu desenvolvimento como personagem tende a evoluir como a de um irmão briguento, mas leal quando a coisa aperta. Muitas vezes ele procura chamar a atenção do ponto mostrando como é melhor. Ou nem tanto.
Na verdade, ele é mais comum em mangás shōnen de luta: pensem no Kuwabara de Yu Yu Hakushō ou no Horohoro de Shaman King. Porém, isso não o impede de participar em séries de robôs gigantes, especialmente se sua competitividade for divertida! No entanto, isso não o isola do seu papel de contraponto: se for preciso mandar a real para o grupo, ele falará sério. E será ouvido. O Ponto pode até discordar, mas confia nele.
Até a próxima — e divirtam-se!
NO TOPO: Lance, o rival amigável de Keith em Voltron: o Defensor Lendário.
* Com esses dois, temos a dicotomia do impulsivo pareado com o experiente. Han claramente é uma Outra Mão, mas deste nós falaremos no próximo artigo desta série. Na verdade, Luke, Han, Chewbacca, C3PO e Leia formam redondamente o quinteto Ponto-Contraponto-Músculo-Cérebro-Coração, com R2D2 como um segundo cérebro.
** Mangás de Esportes. Como dito no artigo mencionado, eles foram muito influentes na construção das séries de robôs gigantes em determinado momento.
*** Aoba Watase, o clássico herói não muito esperto cuja falta de noção é diretamente proporcional ao seu talento no cockpit de um robô. E sim, Aoba é claramente um piloto acidental.
**** Asuka Langley é claramente uma alusão ao clichê do herói de sangue quente, extremamente autoconfiante, chegado a uma bravata — ela até veste vermelho! Mas estamos falando de Neon Genesis Evangelion e, aqui, não se deixa pedra sobre pedra. No episódio 9 da série (o meu favorito), essa dinâmica nos é apresentada em seu formato clássico… algo importante para a desconstrução da moça funcionar mais à frente. Não se desconstrói sem construção prévia.
DISCLAIMER: Mobile Fighter G Gundam e Buddy Complex são propriedades da Bandai Namco Filmwork, Inc.; Voltron: o Defensor Lendário é propriedade de DreamWorks Animation LLC e World Events Productions (WEP LLC); Tengen Toppa Gurren Lagann é propriedade da Gainax Co., Ltd.; Neon Genesis Evangelion é propriedade de Khara, Inc.. Imagens usadas para fins jornalísticos e divulgacionais, sem direitos de propriedade infringidos.
Adorei a postagem, esse é um clássico dos animes kkkkkk.
Termina logo esses 20, Alexandre, tem criança chorando, grávida pulando aqui. A Nação clama por isso!
Seja paciente. Procuro colocar sempre na primeira semana do mês, pode reparar. 🙂