Perfis de Personagem: o Bem-Intencionado

Talvez pela última vez: esta série é voltada a cada um dos vinte perfis de personagem do futuro livro básico de Brigada Ligeira Estelar (AQUI). Artigos anteriores já cobriram perfis ligados ao Ponto (Planejador, Equilibrado, Impulsivo e Carismático, ao Contraponto (Rival Amigável, Outra Mão, Segundo em Comando e Errado), ao Músculo (Durão, Grande e Perito, Gigante Gentil e Barulhento), ao Cérebro (Técnico, Conhecedor, Científico e Solucionador) …

…e agora ao Coração — o Caçula, o Pacificador, o Racional e por fim o Bem-Intencionado, encerrando aqui esta lista. Esse é um caso curioso, porque muitos bem-intencionados podem ser promovidos ao papel de Ponto (e sofrer para caramba no processo), mas em geral seu melhor desempenho é como esteio emocional do grupo e dos princípios morais pelos quais todos estão lutando. Há quem se incomode com personagens tão bonzinhos, mas… eles são importantes!

O nome é autoexplicativo: ele só faz algo porque alguém precisa de ajuda, sem interesses exteriores, sem grandes ambições e até mesmo sem grandes posturas ideológicas — no máximo, elas servem para dar forma a um arcabouço moral ao qual ele já tem. Essencialmente, os bem-intencionados são fiéis apenas a esse senso de moralidade e isso inclui a humanidade ao seu redor. Se houver a alternativa de salvar… ou até mesmo ajudar um inimigo, eles o farão.

Perceber a humanidade no inimigo é sempre um momento difícil.
Para um bem-intencionado, também é um momento definidor.

Isso lhe vale certo respeito, mas também uns bons puxões de orelha. Ele precisa de suas doses de persuasão, mas não ao nível de um Carismático. Ele defenderá a moralidade de seus atos, podendo até desobedecer a ordens questionáveis e denunciar oficiais cuja postura é indigna, mas não se espante — ele aceitaria suas punições de caso pensado, mas não confrontaria sua consciência moral. Em geral, o Bem-Intencionado não é um rebelde. Alguns exemplos:

O Claus Valca de Last Exile é bem isso: uma pessoa gentil
e bem-intencionada, procurando se manter assim.

“Peraí, mas esses personagens não são todos pontos?” Sim. Mas isso acontece porque um bem-intencionado só precisa de um… empurrão para dar esse salto.

Explicando melhor, esses personagens são pontos porque foram munidos de determinação por uma missão, um interesse amoroso, qualquer coisa — e isso os fez se moverem como tal. Mas, quando isso não ocorre, eles são personagens muito funcionais nessa dinâmica de coração. São conciliadores, sempre oferecem um ombro amigo, se pudessem nem lutariam. Kio Asuno chegava ao extremo de tentar conversar em combate. Banagher Links nem queria escolher um lado!

O limite do bem-intencionado é principalmente moral. Ele prefere
bater de frente com os demais a cruzar certas linhas!

Isso faz dos Bem-Intencionados muito perceptivos emocionalmente (empatia é importante) mas eles não são indefesos. Eles não estão ali para serem meros coadjuvantes. E por isso mesmo, geralmente não devem nada aos demais em combate. Os Perfis de Personagens são destinados aos protagonistas, lembram? Muitas vezes eles podem se dar ao luxo de dar uma chance de rendição ao adversário justamente por se garantirem caso tudo dê errado! Não os subestime!

Se fosse possível, eles não estariam ali, mas alguma coisa ativa seu senso de responsabilidade e isso os qualifica como coração para o resto do time: eles estão sendo movidos pelas razões certas e ninguém pode discordar, não disso. Conta pontos para isso sua preocupação genuína para com os demais. Se todos pensassem como ele, talvez não fosse preciso lutar. Na prática, o bem-intencionado é um pacifista marcial. O confronto, apenas em último caso.

Banagher Links é claramente um ponto relutante, mas nesse
caso é por ser naturalmente bem-intencionado
demais!

E qual é sua diferença para os demais corações? Enquanto o Caçula desperta um senso de proteção para os demais, o Pacificador serve de lembrete dos princípios maiores pelos quais eles estão lutando e o Racional impede a todos de fazer besteira quando se pensa com o fígado, o Bem-Intencionado faz um apelo à própria… humanidade dos colegas. Estamos entrando em combate? Sim, mas que não seja sem motivo — e nem nos transformemos em monstros por isso.

Talvez não haja mesmo outra opção, mas tentemos esgotar as outras possibilidades antes. Façamos o possível para não termos vítimas de nem um lado, nem de outro. Se não for possível, você pelo menos tentou. Civis são prioridade, até mesmo do outro lado, caso um dos seus se abandone ao monstro dentro de si. Somos melhores do que isso. Somos humanos, sem excluir evos e espers desse raciocínio. Lembre seus colegas disso.

Até a próxima — e divirtam-se.

* Podem reparar, a recusa de Links em tomar um partido atrai inimigos de ambos os lados — mas também permite a ele ser uma figura conciliatória no final.
** Meio complicado para se explicar aqui, mas em um resumo bem cru: Jinto é para todos os efeitos um membro do alto escalão colaboracionista para a invasão de seu planeta natal e para sua anexação a um império espacial, passando a viver com os alienígenas invasores por dez anos. Mas ninguém se espante: ele é um nobre vassalo e sabe muito bem disso. Porém, por sua capacidade de lidar bem com as pessoas, ele serve como elo de ligação entre diferentes categorias sociais — forçando-o a agir como um coração em seu meio e suportando a carga emocional de todo mundo, algo para o qual ele não tem muita escolha. Em suma, nessa etapa da história, ele é um “bem-intencionado” com aspas bem grandes.
*** Esse é um caso especial por também aparecer como um Ponto em nossa lista de artigos. Isso se explica por Cehack conciliar as características do Bem-Intencionado com o fator agregador de um Carismático. Quem não gosta dele?

DISCLAIMER: Mobile Suit Gundam Age e Mobile Suit Gundam Unicorn pertencem à Bandai Namco Filmworks, Inc.; Last Exile pertence à GONZO / Victor Entertainment • GDH. Imagens para fins jornalísticos e divulgacionais.

Brigada Ligeira Estelar ® Alexandre Ferreira Soares. Todos os direitos reservados.

8 comentários

    1. Bom, para o bem e para o mal, ele leva o perfil a níveis até excessivos. O que dizer de alguém que chega a, no meio do fogo cruzado de uma batalha, querer ver se o oponente não quer conversar? Ou de procurar salvar os inimigos para que eles sejam prisioneiros, e não baixas? Ele passa da conta, mas por isso mesmo fica bem claro o quanto ele é um bem intencionado. Eu mesmo acho que para pertencer ao perfil, basta procurar fazer o possível (oferecer chances de rendição, etc.).

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