Por Trás do Sabre: Altona

Este é um bom momento para voltar aos elementos criativos em cada canto do universo em BRIGADA LIGEIRA ESTELAR. Há um cenário aqui, e ele precisa existir para além de suas referências inspiradoras. Por isso estaremos finalmente nos voltando para dentro. Sim, o website da Jambô ainda vai voltar a trazer material oficial novo para o cenário: a seção “Por Trás do Sabre”, é mais ancorada em esmiuçar os conceitos por trás de cada canto da Constelação.

Em miúdos, eu claramente não vou colocar conteúdo direto (como kits — tá, o novo livro não vai ter kits, mas vocês entenderam) ou personagens novos. A ideia é fazer os jogadores enxergarem de onde aquilo veio e utilizarem melhor o conteúdo existente — como os apresentados em “A Constelação do Sabre”, Volumes 1 e 2. Corram atrás se não os tiverem: assim como os volumes de “O Reinado”, em Tormenta, não faremos uma versão atualizada tão cedo. Mesmo.

Aviso feito, vamos começar com o planeta Altona — o primeiro a ser descoberto na constelação. Há sinais claros da presença de uma civilização alienígena inteligente, porém extinta. Há estruturas de cidades antigas, há restos de tecnologia, há arapucas e segredos mas não há um fóssil deles. Tudo a seu respeito é conjectura. E os humanos ocuparam esse campo minado. Em linhas gerais ele é, na ambientação, o canivete suíço do mestre mais tradicional.

Referências Iniciais

Metal Hurlant e sua irmã estadunidense, a Heavy Metal Magazine.

As influências de BRIGADA LIGEIRA ESTELAR RPG, em geral, passam pela ficção científica animada japonesa. Ela claramente bebeu muito, em certa época, da mais influente revista em quadrinhos já feita: a antologia sci-fi francesa Metal Hurlant — e seu filhote gringo, a Heavy Metal. Não nos cabe mapear, aqui, a influência delas no Japão mas seu auge foi durante o boom nipônico das animações para Home Video, graças à popularização local do… Laserdisc!

Juntando a necessidade de preencher um lado inteiro desses discos à liberdade criativa dada pelo formato OVA (Original Video Animation), uma geração de animadores japoneses bebeu direto dessa fonte. Com olhos atuais, é fácil acusar essas animações de violentas e machistas — mas era uma época de limites sendo testados e rompidos. Tivemos contato com alguns exemplares dessas obras no bloco U.S. Mangá da Rede Manchete e lançamentos diretos para VHS.

Que mistérios e torturas vem de lá?

Assim, temos universos sci-fi nada assépticos e com grandes desníveis tecnológicos em coexistência e um tom mais livre, sem medo do bizarro. Enquanto o planeta Ottokar — com seus Senhores da Guerra e a Zona Devastada — carrega o aspecto mais duro e pós-apocalíptico disso, de OVAs como M. D. Geist, Altona traz o lado mais aventureiro e agreste do conceito, de OVAs como Dragon’s Heaven, Birth, Genesis Survivor Gaiarth ou Iria: Zeiram the Animation.

Altona inclui também referências mais mainstream (como as séries Zoids e Gundam X). Ele não é realmente um mundo pós-apocalíptico, só mais atrasado — talvez seu povo prefira assim — mas desníveis sociais podem emular um clima similar. Boa parte do primeiro volume de Shadrach (a ser lançado) é ambientada em Altona e traz vários desses elementos: se Batalha dos Três Mundos é o gênero em sua forma clássica, Shadrach é um tributo aos OVAs do período.

Altona em Jogo

Ciborgues, pistoleiros, andróides desmemoriadas com poderes
ocultos, um robô-minotauro gigante movido a moedas… PERFEITO!

Como dito lá atrás, Altona é um canivete suíço narrativo. A ausência de dados claros sobre os alienígenas abre o caminho caso se queira explorar seus mistérios. Se os jogadores quiserem explorar o lado bizarro do cenário, como os pilotos de ciberferas, perfeito. Há diferentes abordagens possíveis, até mesmo para a inclusão casual deste mundo em meio a uma campanha maior. Vamos nos deter para as diferentes possibilidades de Altona na mesa de jogo.

Faroeste Espacial: discrepâncias sociais são uma constante na Constelação. Aonde houver gente armada, terras e disputas de poder, há espaço para isso.

Ficção Científica Clássica: a tecnologia dos antigos Altonianos desafia nossos conhecimentos até hoje. Quando seu manuseio gera crises, como proceder?

Ficção Científica Militar: terroristas e piratas espaciais podem se abrigar em seus ermos e provocar um conflito ao dominar uma tecnologia alienígena.

Que tipo de construtos misteriosos Altona pode esconder?

Horror Espacial: qual foi a natureza desse desaparecimento total da espécie? O que suas ruínas e relíquias podem despertar — e podemos lidar com isso?

Política: Corporações tentam monopolizar a exploração e estudo dessa tecnologia desconhecida. Nobres a seu serviço usarão as leis contra os jogadores.

Space Opera: Altona teve uma civilização alienígena misteriosa, deixando ruínas, relíquias, tecnologias e itens exóticos para mover as suas aventuras.

É bom lembrar: há certos temas comuns a todos os mundos da Aliança Imperial mas, quando temperados por circunstâncias e elementos diferentes, eles manifestarão sabores diferentes… e essa é a graça. É plenamente possível abordar as questões de nobreza, duelos de sabre e hombridade presentes quando hussardos e jovens duelistas estão envolvidos. Mas Altona é uma porta para o estranho e o fantástico. Isso fará a diferença.

Até a próxima e divirtam-se.

Arte do Cabeçalho: imagem de Altair Messias para a série Shadrach.

8 comentários

  1. Altona é o meu planeta favorito do Sabre. Acho interessante até pra introduzir jogadores aos cenário, já que tem a opção familiar de se enfiar num buraco na terra atrás de tesouro (apesar de ser uma faca de dois gumes, de certa forma. Brigada não é D&D com mechas). E a arte do cabeçalho é de Shadrach? Eu quero isso em mãos o quanto antes!

    1. Shadrach já está pronto, só falta fazer a edição e publicar. Mas vamos ser um pouco pacientes. 🙂

      E uma sugestão simples para evitar a síndrome de “D&D com robôs gigantes”: Makyo Gaiden Le Deus. Tem todos esses elementos exploratórios e um meio termo interessante entre o real robot e o super-robô.

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