O que é um Caçador?

Tirado de artigos anteriores: os robôs de combate em Brigada Ligeira Estelar foram inspirados na cavalaria clássica, dos tempos das guerras lutadas a cavalo: tropas de hussardos (hussards) eram usadas para ataques de assalto, lanceiros para ataques de carga, caçadores para missões de busca e rastreio, carabineiros para baterias de tiro à distância, couraceiros para forças de cavalaria blindada e dragoneiros como tropas montadas de armamento leve.

Tecnicamente Hussardos, Lanceiros e Dragoneiros fecham os corpos de Brigada Ligeira, tanto na cavalaria clássica quanto na cavalaria mecanizada espacial de nosso império interestelar. No entanto, o novo BRIGADA LIGEIRA ESTELAR RPG irá trazer um corpo extra ao lote: os Caçadores (não confundir com Caçadores de Recompensas e outros tipos similares). E eles trarão um diferencial bem próprio: caças transformáveis. Mas há motivos muito bons para isso.

Enquanto o Dragoneiro clássico cavalgava como locomoção mas lutava a pé, o Caçador representa tropas treinadas para ação rápida — ou seja, corpos de cavalaria e de infantaria ligeira, respectivamente conhecidas como chasseurs à cheval e chasseurs à pied — usadas para reconhecimento, busca, ataques rápidos a postos inimigos… enfim, missões breves e de precisão. Para tanto, eram escolhidos soldados pequenos e ágeis, capazes de agir e sair correndo.

O Caçador Original

O surgimento dos Caçadores data de 1743, durante a Guerra de Sucessão Austríaca, nascendo de uma força voluntária de tropas ligeiras combinadas — tanto de infantaria quanto de cavalaria — batizada como a Legião da Confiança (mais tarde, Regimento de Hussardos do Saxe*). No entanto, eles eram conhecidos como Os Caçadores de Fischer, em referência ao seu idealizador (o general Jean Chrétien Fischer). Pelo seu desempenho e fama, eles se expandiriam…

…até demais. Assim, foi necessário dividi-los — e assim surgiram, oficialmente, os Caçadores a Cavalo (ligados à cavalaria ligeira) e os Caçadores a Pé (ligados à infantaria ligeira). Talvez pelas suas origens hussardas, os Caçadores a Cavalo manteriam suas peliças, adotando botas longas de equitação para se distinguir. No começo da Guerra dos Sete Anos, o termo seria oficializado de vez e o regimento seria batizado Corpo de Caçadores de Fischer.

Como parece ser um padrão, o conceito deu certo e se espalhou — ganhando força inclusive com as Guerras Napoleônicas, com o surgimento do Corpo de Caçadores à Cavalo da Guarda Imperial. Surgiram corpos de Caçadores ligados à diferentes forças, como os Dragoneiros-Caçadores, Caçadores de Flanco (ligados a corpos de Granadeiros de Flanco na campanha russa), Caçadores Florestais… e a bem da verdade, toda guarda precisa do apoio de uma divisão assim.

Se a mítica do Hussardo é de bravura e coragem, se a do Lanceiro é de lealdade e devoção e se a do Dragoneiro é de resiliência e vitória, nem há dúvidas quanto à do Caçador: persistência e presteza. Um Caçador busca um alvo até onde precisar e executa suas missões de forma rápida, rasteira e certeira. Eles são os melhores na hora de operações especiais — destruir linhas inimigas, capturar comboios… enfim, agir sem ser notados até o momento certo.

E diferentemente de outros corpos como os Hussardos ou Lanceiros, cuja sobrevivência permaneceu apenas como uma lembrança de outros tempos — batizando grupos convencionais de infantaria nos dias de hoje — o Caçador não desapareceu realmente com a mecanização dos conflitos armados a partir da Primeira Guerra Mundial. Ainda há caçadores a pé na infantaria ligeira e, antes do surgimento das forças aéreas, o combate aéreo era uma divisão do exército.

Assim, eles passaram a ser usados em tarefas de busca, reconhecimento e operações especiais (como bombardeios de precisão) nos céus. Naquele momento, isso levou ao surgimento do termo Avion de Chasse… e por fim, Chasseurs! E é essa a razão pela qual, na maioria dos países de língua latina como o nosso**, chamamos os aviões de combate como Caças (Caza em espanhol, Caccia em Italiano, Caça em Catalão)… perceberam agora para onde isso vai nos levar?

O Caçador Espacial

Repetindo: em Brigada Ligeira Estelar, robôs hussardos são o gênero na sua forma mais tradicional (Gundam, Dragonar, etc.), robôs lanceiros traçam a linha para um real robot mais cru e pé no chão (Votoms, Dougram, etc.) e o estradeiro dragoneiro puxa o terreno para o chão, em um meio-termo entre a infantaria e a cavalaria com motos blindadas, capazes de se tornar armaduras (Mospeada, Zillion, etc.). Assim, só nos resta definir o papel do Caçador…

E com todo o material apresentado previamente, não é preciso ir tão longe: ele é inspirado nos caças transformáveis em robôs das séries Macross e, novamente, Mospeada (comparem o Legioss desta série com o Valkyrie daquela e entenderemos porque ambas foram escolhidas para compor o mix de Robotech, no ocidente). É uma inspiração lógica, na verdade: eles dependem de velocidade e precisão, se prestando melhor a isso enquanto um hussardo abre caminho.

Da mesma forma, eles como robôs são bem sólidos, mas não tem a mesma capacidade de combate corpo a corpo de um hussardo (tente comparar um Gundam com um Valkyrie). Foi incidental, mas também adequado: os Caçadores eram escolhidos por serem menores e mais ágeis, cumprindo sua missão e caindo fora. Um robô caçador também deveria ser mais leve, tendo suas vantagens no quesito agilidade contra um robô hussardo — mas não em força bruta ou resistência.

Mas seu trunfo é a velocidade. Eles sempre deveriam ter um bônus de iniciativa. Por outro lado, são particularmente vulneráveis no momento de sua transformação. É um turno no qual eles não fazem outra coisa — e esse turno pode ser o bastante para um adversário (uma boa ideia do que esperar está na arqueológica adaptação de Macross para o Brigada Ligeira Estelar Alpha. Apenas dêem uma olhada nas estatísticas de um Valkyrie, a título de comparação.

De resto, levando em conta as origens comuns entre Hussardos e Caçadores, faz sentido o fato dos pilotos de caça herdarem muito da atitude de um hussardo — mas não tanto a ponto deles se tornarem o mesmo arquétipo de personagem. Há competitividade, rivalidade e até orgulhos pessoais envolvidos, mas ser o melhor para eles tem a ver com ser o mais rápido e fazer melhor, enquanto o oficial hussardo pensa como se fosse um personagem de capa-e-espada.

E um último toque: para não haver confusão com a classe Caçador apresentada nos livros de Brigada Ligeira Estelar Alpha***, daqui para frente esta será tratada como Caçador de Recompensas (podendo ser alterada para Caçador de Tesouros ou qualquer coisa mais ao agrado do jogador). Isso os separará dos novos Oficiais de Caça e de seus robôs caçadores, podem ficar tranquilos. São classes completamente diferentes, não há como confundir.

Até a próxima.

* O Saxe remete aos domínios germânicos de origem Saxã, usado como prefixo em um sem-número de regiões: Saxe-Lauenburg, Saxe-Wittenberg, Saxe-Altenburg, Saxe-Coburg… a lista é imensa, de verdade, e eu não vou colocá-la aqui. Não insistam, pelo amor de Deus.
** A Exceção é o Romeno ao batizar seus caças de luptători (luptător no singular) — “Lutador”, estranhamente se aproximando em conceito do termo “Fighter”, usado para os caças na língua inglesa. Mas pensando bem, o Romeno é uma espécie de “parente esquisito” das línguas latinas.
*** Só lembrando: passamos a tratar os livros da série anterior dessa forma, para não haver confusões quando a nova ordem de 3D&T vier.

NO TOPO: Cena de transformação de caça para robô em Macross Plus.
MECHA DESIGN DOS ROBÔS CAÇADORES: Wal Souza
DISCLAIMER: Superdimensional Fortress Macross: Do You Remember Love pertence à Tatsunoko Production Co., Ltd../Big West Advertising Co., Ltd. (BWA); Macross 7 pertence à Big West Advertising Co., Ltd. (BWA); Robotech é propriedade da Harmony Gold USA, Inc.; Genesis Climber Mospeada é propriedade de Tatsunoko Production Co., Ltd. e Harmony Gold USA, Inc.; Les Chevaliers du Ciel é propriedade de SNC Catalog MC e Outsider Productions. Imagens usadas para fins jornalísticos e divulgacionais, sem infração de propriedade intelectual.