A Campanha de Folhetim Espacial

No novo BRIGADA LIGEIRA ESTELAR RPG nós teremos várias possibilidades, dentro dos diferentes subgêneros da ficção científica, para sua campanha de robôs gigantes e eu já falei delas como um todo neste artigo AQUI. Após falarmos da Space Opera, da FC Militar e do Faroeste Espacial, vamos falar da outra parte incorporada pela primeira dessa lista — o Folhetim Espacial — que na verdade é o mais próximo das inspirações, digamos… históricas do gênero.

Para nossos fins, o Folhetim Espacial é aonde enquadramos os dramas nobiliárquicos e intrigas novelescas inspirados na ficção histórica. Assim como o Faroeste Espacial, ele também compôs a space opera (se este termo tivesse sido traduzido para o português, provavelmente a tradução seria “folhetim espacial”, mesmo), junto ao pacote do capa-e-espada — mas, aqui, a proposta é evidenciar esse elemento… e mergulhar mais fundo no terreno do operístico.

No que ele difere da space opera, então? Aqui, assim como no Faroeste Espacial, isolamos o elemento formativo e evidenciamos seus aspectos próprios. O mais importante não são as grandes ameaças ou o heroísmo dos protagonistas, apesar dos duelos e batalhas: o Folhetim Espacial é como os grandes épicos históricos! Intrigas, disputas nobiliárquicas de poder (vindas do capa-e-espada mas não se limitando a ele), reviravoltas dramáticas… mas NO ESPAÇO!

Tytania — ou “E agora precisamos de pompa e circunstância”
(okay, estou zoando mas essa é uma boa abertura).

Aqui precisamos falar sobre política: independentemente de viés ideológico, todos a fazemos. Ela é negociação e convívio — e a outra opção é a guerra ou, na escala mais baixa, perseguição social. Essas obras não são sobre política — são sobre poder. O drama surge quando se passa por cima da política. E aí temos conspirações, golpes de estado, eliminação de oponentes por vias escusas, chantagens, seduções (“cherchez la femme!”*), incriminações… 

Isso não remove o componente de ação. A diferença é o enfoque: Os Mosqueteiros não foram atrás de um colar para salvar a rainha da pecha de adúltera, mas para salvá-la como figura pública — esvaziando sua influência e ampliando por tabela, o poder de Richelieu.** Eventuais elementos de ficção científica, se existissem, tenderiam a ser importantes para a composição de cenário ou como macguffin***. Querem um exemplo perfeito? Duna, de Frank Herbert.

Duna: mesmo a trama do Kwisatz Haderach é um recurso
plantado para a volta por cima do protagonista nessa disputa.

No livro, vemos o efeito da Mélange o tempo todo nos indivíduos e na sociedade — mas o livro não é sobre isso: é sobre as disputas de poder entre as casas reais dos Atreides, Corrino e Harkonnen!! A especiaria é uma mera alavanca dramática! Nos animes os melhores exemplares dessa abordagem ainda são Lenda dos Heróis Galácticos e o mais conciso Tytania (ambos baseados nos romances de Yoshiki Tanaka). Ah, há Glass Fleet, mas… esquece, ESQUECE! ****

Muitas séries de real robot tangenciam essa categoria (dentro do seu escopo de Ficção Científica Militar), mas provavelmente o melhor exemplo dessa abordagem para os jogadores é Code Geass — que não é realmente “espacial” mas de resto bebe completamente da fonte. Ela tem tudo: o elemento sci-fi (a Geass e seus poderes… hm, psíquicos), intrigas de nobreza, disputas de poder, o fator novela das oito, intrigas políticas — e, claro, robôs de combate.

Eu sei que deveria ter posto uma imagem de Lelouch e companhia, mas como os robôs
andavam em falta nessa matéria, aproveitei a deixa para colocar alguns por aqui.

E tanto pelo peso de referências como estas quanto pela atração natural despertada pelo tema, é muito fácil mergulhar nessa abordagem em BRIGADA LIGEIRA ESTELAR RPG. Com a inclusão de Dabog (e suas luas) e Saumenkar, temos vinte e um planetas principais: todos eles são propícios tanto para campanhas de space opera quanto para o folhetim espacial em estado puro. Os dois A Constelação do Sabre (AQUI e AQUI) são verdadeiros compêndios nesse sentido.

Campanhas com personagens da nobreza parecem uma escolha óbvia, mas essa não é uma obrigatoriedade. Novamente, pensem nos Três Mosqueteiros: eles faziam parte de uma guarda de elite real e foram enredados pelos jogos de poder do alto escalão político. É possível pensar no mesmo para guardas de cavaleiros regenciais (em nome de algum nobre) ou até mesmo para oficiais da Brigada Ligeira Estelar, requisitados para certos trabalhos previstos por lei.

Basicamente, reúne-se um bando de ousados personagens…
e eles podem se ferrar feio ao lidar com os cachorros grandes.

Por fim: há apelo narrativo no elemento monárquico (o canal Tralhas do Jon tem bons pontos sobre o tema AQUI) — e capa-e-espada não tem a mesma graça sem barões e princesas. Por isso, a Constelação do Sabre foi concebida como um império espacial. De resto, o tema é presença constante nas animações inspiradoras de Brigada e RPGs são por princípio derivativos, procurando emular a sensação de se estar em algum tipo existente de ficção.

Até a próxima.

* A frase se refere aos escândalos sexuais que costumam orbitar grandes esquemas financeiros e políticos.
** Aliás, Richelieu foi o modelo para o NPC Emerenciano Mondragor (A Constelação do Sabre Vol. 1, página 59)

*** Macguffin é um elemento narrativo existente apenas para mover a trama. Mais detalhes AQUI.
**** Basta dizer que falta senso do ridículo nessa série e ela oferece momentos de humor completamente involuntário. Até existe uma versão
abridged — AQUI!
No topo,
Lenda dos Heróis Galácticos.

13 comentários

  1. O Folhetim Espacial é sempre muito divertido, e a Constelação do Sabre acaba pendendo á seu favor de um jeito ou de outrokkkkkk.
    Ter Code Geass como minha primeira referência só reforça o clima de estar jogando em casa?

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